A síndrome do ninho | últimos dias de 2018
A minha casa e o meu sentimento de lar foi algo que marcou muito este ano. Senti que precisa dar alma a nossa casa e isso foi um processo longo até conseguir abrir o caminho para a sua identidade.
Desde que casei e que fui mãe que nunca cheguei propriamente a construir um lar. Todos os cenários eram provisórios. A minha casa era pequena demais, mudamos para a casa do meu marido, provisoriamente, daí a poucos meses mudaríamos para Bruxelas, em Bruxelas, a casa estava mobilidade, tínhamos algumas restrições e, seriam apenas dois anos. Compensava pela localização e tudo mais.
Nos adaptámo-nos sempre, mas sentia falta de ter as coisas funcionais para a nossa família, com o nosso toque pessoal, com a decoração pensada por nós, etc. Regressamos de Bruxelas e, mais uma vez, a casa era provisória. Adaptamos novamente até que à chegada da nova mudança.
E ela chegou para uma casa onde nos sentimos bem, que tem todas as comodidades para uma família de quatro e que tem a localização que nós gostamos. E, aos poucos, fomos construindo o nosso lar.
Todavia, quem tem filhos pequenos sabe a forma como eles dominam não só a nossa vida, como também a nossa casa! Especialmente no primeiro ano - talvez no segundo também um pouco. Mas o nosso quatro, não é só nosso, tem um berço, uma almofada de amamentação, fraldas espalhadas e todo o arsenal que é preciso para cuidar destes pequenos seres! A nossa casa de banho, enfim, muitas vezes fica completamente transformada para conseguirmos concretizar às rotinas dos bebés com toda a segurança. E um pouco por toda a casa, há como que um rasto com marca de “bebé”.
Portanto, houve como que um stand-by nos detalhes que, embora importantes, era difícil pensar neles ou sequer imaginar a nossa casa para além daquele cenário meio caótico, meio confuso.
Neste ano, com os dois mais crescidos e com uma série de emancipações a acontecer, voltei a sentir novamente que a casa e também um pouco minha. Que já era possível arrumar por completo tudo o que dissesse respeito a bebé e com isso, muita coisa que tínhamos cá em casa foi arrumada, outras foram dadas e inevitável há coisa que não sobreviveram para contar história.
Essa foi a primeira fase: destralhar; a seguir, foi organizar; destralhar novamente - e sempre que possível; para finamente chegar aos pormenores e à identidade. A verdade é que a grande diferença é que não fui fazer compras de impulso, não comprei mais coisas sem ter uma ideia especifica do que queria e do realmente fazia sentido.
E estes últimos dias tem sido assim, com uma vontade de me sentir ainda mais em casa, na nossa casa! A parede de molduras finalmente completa, a colcha da cama nova dos miúdos que já tinha sido comprada há séculos, pormenores coisas pequenas que faltavam para dar aquele jeito, como o prato só sabonete, uma moldura dos irmãos no quatro deles, o cesto aqui e ali para acomodar coisas que andavam sem lugar, cabides nas portas para deixar de ver mochilas e casacos de inverno espalhados, e depois, detalhes que trouxeram alma e que contribuem para que nos sintamos em casa.
Lembranças das nossas viagens, como telas que deram vida a mais molduras e que têm história para nós; uma máscara que trouxemos de Veneza, que procurei tanto para não comprar numa banca para turistas, como os milhares que existem.
Sem esquecer a mega aquisição dos saldos, um aspirador vertical que me vai ajudar a ter a casa aspirada muito mais vezes! E agora estou ansiosa pelo regresso às rotinas de todos, por ter tudo um pouco mais no lugar e usufruir deste espaço e aproveitar para canalizar boas energias para mim e para o meu trabalho e, claro, para a nossa harmonia familiar.
P.s: Senti que, passada a faixa-etária dos dois anos, é possível fazer um destralhe enorme nas coisas dos miúdos, roupas, acessórios, mas especialmente, dei por mim, a consegue retirar uma série de brinquedos e jogos. E sinto igualmente que, a partir de agora, já começa a ser possível ter esta parte muito mais uniformizada, porque, ambos, brincam com as mesmas coisas!
Boa noite.