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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

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“Daqui a pouco tem três anos e ainda usa fralda!” | Desfralde

06.11.18 | Vera Dias Pinheiro

desfralde

 

Como sabem e já contei aqui, eu estava convencidíssima de que o assunto desfralde com a Laura iria ser “canja”. Com a esperteza dela, a vontade em ser como o irmão e a própria incapacidade que ela mesma tem em ser ver com a sua idade, tudo isto, julgava eu, estava a jogar a nosso favor.

 

O tempo aqueceu, comprei as primeiras cuecas, fez uma festa e sem qualquer pressão fomos tentando. Cheguei a comprar o redutor e um bacio, não usou nem uma coisa nem outra. Para ser é a sério e vai directa à sanita. Mas as coisas não correram nada, nada bem e eu desisti de apressar as coisas. Ela lá daria os sinais e se há coisa que ela é, é bem esperta. Ela sabe exactamente o que é para fazer, só que… não tem vontade.

 

Entretanto, na escola, passado o drama e o horror do primeiro mês e meio, quando a ia buscar à tarde, já estava sem fralda, dormia a sesta sem fralda, tudo muito bem. Até que a própria educadora falou comigo e a Laura começou a ir já de cueca para a escola. Estava tudo a correr, vá, praticamente bem. Chegamos a ter uma saída de um dia inteiro e correu tudo muito bem.

 

Entretanto, diz-me a minha experiencia, que o tempo frio não funciona a favor, muito pelo contrario. Os meus invernos com o Vicente eram de entrar em desespero com xixis na cama várias vezes numa só noite e chegava a acontecer em várias camas diferentes… enfim, nem quero lembrar-me disso! Mas ia eu a contar que com o frio, há uns dias a Laura começou a ter uns descuidos e, como se apercebeu disso, e ficava incomodada, agora não quer cueca. E agora voltamos à fralda.

 

E agora, todas as manhãs chega de novo à escola de fralda e quando está em casa quer fralda…  E se as crianças parecem ter a lição bem estudada e, na cabeça dela, isto terá uma logica qualquer, na minha fica tudo confuso. Por um lado, não quero que ela se reprima nem que crie nenhum anticorpo com a cueca e se quer a fralda, mesmo após falarmos com ela, eu cedo. Mas por outro, ceder, não é voltar ao início?

 

O que eu sei é que, no meio de tudo isto, já me tinha esquecido desta fase do saquinho da roupa molhada todo o santo dia na mochila, dos descuidos, dos tapetes que fica com xixi, das vezes que temos que trocar de roupa, os lençóis. É roupa por todo lado, em todos os cantos há uma cueca, uma calça... Ainda esta manhã, estavam já despachados - e um descuido nocturno resolvido (pelo menos em parte) - e ouço o Vicente a chamar por mim… a Laura estava a fazer um grande xixi. Onde? No tapete, claro! Ela achou graça, eu fiquei possessa, mas querendo ser pacífica e dando um reforço positivo naquele momento.

 

“Daqui a pouco tem três anos e ainda usa fralda!”

 

Não estou a condicionar-me por isto, juro que não, porém, vivemos com estas doutrinas tão enraizadas que, por vezes, é algo que me passa pela cabeça. Mesmo sabendo que eu não posso (e nem quero) obrigá-la e que, com toda a certeza, ela sabe estar sem fralda e, com ainda mais certeza, só irá acontecer quando ela quiser.

 

E assim andamos! Quando pensamos que demos um passo realmente em frente, logo a seguir estamos a recuar dois ou três. Pelo menos é essa a sensação que fica a seguir e isso deixa-nos confusos e até com um certo sentimento de frustração à mistura.

 

Contudo, eu volto a repetir, enquanto os filhos parecem já trazer a lição estudada, os pais, por sua vez, andam, muitas vezes, baralhados e completamente à nora com o que é suposto ser o melhor a fazer.

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