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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

Optamos por deixar de fazer um alarido à volta do assunto!

17.10.18 | Vera Dias Pinheiro

entrada na creche

 

 

Não voltei a abordar o tema da integração da Laura na creche, primeiro, porque já não se trata de integração e isso, levou ao segundo motivo: passamos a relativizar o assunto, sem dar importância às coisas que ela diz e às birrinhas matinais à entrada da sala. Lembram-se do post sobre “Acabar com as manhas e o mimimis?”. Pois, foi, a partir daí, que deixei que tudo isso continuasse a demasiado emocional para todos.

 

De facto, teve uma adaptação complicada – aos meus olhos e face a alguma expectiva que inconscientemente tinha sido criada. Precisou do seu tempo para observar tudo à sua volta, para conhecer todas aquelas pessoas e sempre à distância, sem se envolver em nada nem com ninguém. Alívio era a palavra que tinha estampada na testa assim que me via chegar para a ir buscar.

 

Claramente, estamos um passo à frente desta fase. Está óptima na escola, tem amigos, já aprendeu imensa coisa, até as mais irreverentes... Continua a “não me deixar” vir embora com a cabeça em paz, porque chora sempre que a deixo de manhã. E, em todo este processo, natural e ao qual deixei de me importar, ao mesmo tempo que tive que encontrar as minhas defesas emocionais, muita coisa tem acontecido.

 

Em conversa com amigas professoras e psicólogas, percebi que a Laura estava a fazer o seu processo normal. Não estava mal, estava a observar para depois se integrar. É uma miúda bastante esperta, mas que continua a fazer o drama comigo na altura de ficar na escola.

 

Uma das coisas que aproveitei foi para alterar às rotinas de dormir. E nunca mais ninguém se deitou com eles na cama para adormecerem. Conversei com ambos, expliquei e mostrei tudo o que eu ainda tenho para fazer e o porquê de não poder ir-me deitar e ficar ali. Repito inúmeras vezes que não estão sozinhos e que está tudo bem. Os dias não são todos iguais, mas já não voltamos aonde estávamos.

 

Ou seja, há dias em que me sento na cadeira perto da porta do quarto, outros em que adormecem sozinhos sem grande stress e, depois, há todos os dias em que estão na paródia um com o outro e aí levam mais tempo a adormecer.

 

Precisávamos todos disto! Precisávamos muito disto!

 

Depois, houve algo que naturalmente aconteceu e que foi o deixar a fralda. Não tem o desfraldo completamente feito e eu não estou com método rigorosamente algum. Simplesmente, A Laura deixou de querer levar fralda para a escola e, na escola, deixou de querer pôr para vir para casa. E eu o que fiz foi deixar-me ir ao sabor dela.

Se houver truques nesta coisa que é aprender a lidar com os filhos, eu diria que o mais importante é mesmo aprendermos, em primeiro lugar, a escutar o nosso filho e a aprender a respeitar o seu ritmo e vontade.

 

No fundo, trata-se de deixá-los serem eles a marcar o passo-a-passo das mudanças! Educar não é impôr um caminho, educar e descobrir a melhor forma de os conduzir pela vida fora.

 

O meu mantra de todos os dias!

 

 

Eles têm vontades, aos quais não podemos simplesmente ignorar. Eles têm que ser consultados, mas conscientes de que a autoridade vem da mãe e do pai. E assim eu acho conseguir construir um caminho de diálogo entre nós.

 

Um diálogo que, em bom rigor, acaba, muitas vezes, com as famosas expressões, como “É assim porque eu estou a dizer e ponto final!” ou, então, “É assim, porque quem manda sou eu!“

 

Mas a maternidade não é um livro com um final fechado. Não sei o dia de amanhã, não sei que caminho os meus filhos irão seguir. Há dias que são os melhores amigos, outros em que não se podem ver um ao outro. Há dias em que estão virados para fazer o que lhes peço, outros em que está tudo mal.

 

Já ouvi do Vicente que não me queria ver mais “nenhum dia”, mas ouço, muito mais vezes, que sou uma mãe inteligente que nunca se esquece de nada!

 

E é isso, eu sou mãe, não sou a colega da escola e tenho isso bastante presente. Contudo, eu também aprendo muito com eles, inclusivamente a ser mãe. E se aprendi com o primeiro filho, aprendo ainda mais com o segundo e ainda mais com os dois em conjunto!

 

 

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Realização Pessoal e Maternidade em Exclusivo | (In)Compatibilidades

17.10.18 | Vera Dias Pinheiro

realização pessoal na maternidade

 

 

Vão ver que, mais cedo ou mais tarde, terão que aceitar – sem se castigarem – que simplesmente não dá para fazer tudo. Quando não se delega em ninguém as responsabilidades, seja da casa, do trabalho, dos filhos, etc… há um momento, em que uma delas vos exige mais e vão ter que fazer escolhas – ou seja, estabelecer prioridades. O meu dia hoje, por exemplo, foi passado a resolver burocracias, a responder a e-mails e a limpar a caixa de e-mails que estava a ficar sem espaço; a planear a parte comercial, afinal, está a chegar o fim do ano. Porém, estava a faltar-me o tempo para escrever. Entretanto, o relógio já me apressa para ir buscar os miúdos à escola e, entretanto, acabou-se o tempo de concentração. E este cenário replica-se com a casa, com os filhos, com as oportunidades para sair, etc… gerir tudo isto em conjunto diariamente não é possível. Podia dizer que sim, mas os dias teriam que ser intermináveis e… teria que ter ajudas… ponto!

 

A minha regra continua a ser a mesma: ter um método, adequado e realístico, e ser o mais rigorosa possível. Começar a vacilar, nem que seja na mais mínima coisa, é automaticamente estar a deixar algo para trás. E isso, minhas amigas, é o suficiente para se começar a acumular.

 

E é, nessa fase, que eu bloqueio!

 

Quando chego a esse ponto, paro tudo o resto e tiro o tempo que for preciso para resolver caos. É assim que faço o meu reset mental. Assim que volte a ter tudo em ordem, voltamos a implementar o método, voltamos a ser rigorosas… até ao momento em que voltamos a vacilar. E o ciclo repete-se.

 

Já testei vários modelos e a verdade é que eu, pelo menos, não consigo atingir o tal estado de perfeição. Caminho para um bom equilíbrio, isso, acredito e sinto que sim! Ter recuperado o meu tempo e poder trabalhar e fazer as minhas coisas sem me dispersar várias vezes por dia, contribuiu para a minha produtividade. E estou muito feliz! Nesta fase da minha vida, sinto que aquilo que eu faço, faço do início ao fim e isso dá-me um alívio enorme! Cada vez menos, existem pontas penduradas, assuntos deixados a meio, esquecidos, etc…

 

E aquilo que, para quem está de fora, pode ser encarado como desleixo ou até procrastinação, especialmente nos homens habituados, pela sua natureza, a fazer só uma coisa de cada vez, traz-me, então, a tal culpa de não conseguir ter sempre tudo em ordem, de ser sempre organizada, de estar sempre um passo à frente, de mim e dos outros.

 

Para além disso, à medida que os filhos crescem, há algo dentro de mim que se vai alterando progressiva e naturalmente, a vontade de me dedicar, passo a passo, a mim e à minha vida. E eu sabia, bem cá no fundo, que este momento iria chegar. Mas não me importava saber a priori quando ou como. Simplesmente mantive-me disponível!

 

A verdade é que eu também não quero deixar o meu trabalho para trás. Aliás, quero fazer cada vez mais coisas que eu começo a perceber que se vão tornando efectivamente possíveis. Não quero não cumprir prazos, só porque sou freelancer ou porque até posso nem ter prazos. Quando se leva uma ocupação a sério, seja ela qual for, e quando essa ocupação, para além de uma paixão, assume proporções de um trabalho, eu quero se rigorosa, eu quero fazer cada vez mais e melhor e isso também exige de mim tempo!

 

Eu tenho gosto em fazer bem, tenho gosto em ter tempo para me dedicar e até surpreender ou, pelo menos, sair do básico e, de alguma forma, ser criativa.

 

E este é, provavelmente, o resultado do percurso profissional que tenho feito e do maior tempo que vou tendo para me dedicar e perceber o que realmente posso fazer. E assim, vou tendo outras coisas que me preenchem, que captando mais a minha atenção e que eu vou gostando, cada vez mais de fazer, e isso não tem mal. Porém, como em tudo, sempre que há uma mudança é preciso tempo para que as pessoas se habituem, respeitem e até encarem com naturalidade essa evolução. Afinal, nada tem a ver com desinteresse por tudo o resto.

 

Não tenho dúvidas quanto ao meu lugar e presença junto dos meus filhos e dedicação à família, porque sim, também é muito disso que se trata. O que acontece, é que existe uma parte da Vera que, embora nunca tenha sido esquecida, teve que dar lugar a outras facetas. Esse lado, que também nunca foi subestimado, como muitos pensaram, está a agora a ganhar o seu destaque. E eu sempre soube que seria assim, só não sabia como nem quando essa mudança iria acontecer.  

Não coloquem demasiada pressão em vocês, aceitem-se e gostem de vocês próprias, isso é meio caminho – ou o caminho todo – para não se desvalorizarem ou ficarem triste com a “incompreensão” dos outros.

 

Boa noite!

 

 

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