Afinal, a Laura ainda é a minha menina
Amamentei durante praticamente dozes meses, o tempo que a Laura, a minha menina, quis, nem mais nem menos. Durante esse ano, não houve um biberão, uma chucha ou horas determinadas para mamar. Os dias eram determinados ao ritmo da Laura. Quando entramos no nono mês, começou a ser muito exigente para mim, cheguei mesmo a duvidar se conseguiria continuar a partir dali, sobretudo porque a Laura foi sempre um bebé que mamou muito durante a noite. A partir de determinada altura, sentia que ela me levava até a alma.
Quando a amamentação chegou ao fim, praticamente deixei de a adormecer, eu própria senti a necessidade de ter espaço e de recuperar a minha alma e o meu espaço. E assim tem sido. E a isso junta-se o facto de ela ser muito independente e despachada. Mas entre o meu desmame e o facto de ela crescer tão rápido, tive medo de perder tempo com a minha bebé. Tempo que tive com irmão. Talvez, de forma inconsciente, tenha medo que ela não seja tão ligada a mim quanto o irmão foi e ainda é, que não me ligue nenhum e que ainda por cima prefira o pai :)
Mas a verdade é que, a mãe é um porto seguro e será sempre e estes últimos dias têm sido a prova de que a Laura afinal, ainda é a minha menina. Quando o cansaço aperta, quando está insegura ou aborrecida é a mim que ela recorre. Desde que regressamos, já a adormeci duas vezes no meu colo, depois de tanto lutar e chorar contra o sono. Fiquei feliz e voltei a lembrar-me de quando ela era pequenina e eu e ela vivíamos na nossa bolha.
A maternidade vem cheia de artimanhas e nós não podemos dizer que temos tudo controlado. Nós próprias temos sentimentos mistos e contraditórios. Antes de irmos de férias andava cansada, estava a atravessar um período complicado a nível pessoal e não estava a conseguir abstrair-me disso. Andava meia desligada e a sentir que não tinha tempo para levar a minha vida para a frente. mas, ao mesmo tempo, morria de saudades dele e de ter a minha habitual predisposição emocional para estarmos juntos sem sentir a mínima coisa como sendo um enorme sacrifico.
Não queria adormecer a Laura porque sentia que precisava de uma pausa, queria o meu tempo e o meu espaço. Contudo, não queria perder o meu tempo com ela. Mas entre o pai que a adormecia e a avó que fica muitas vezes com ela para eu conseguir trabalhar, nesta fase em que ainda não está na creche, sentia falta de a ouvir correr para mim quando entrava em casa.
No entanto, depois desta semana de baterias carregadas e de tempo em exclusivo a quatro, a minha menina reconectou-se com a mãe e eu com ela. Gerir os primeiros filhos para que não se sentam excluídos e os segundos para que se sintam igualmente como os primeiros não é fácil. Especialmente, na exigência do dia-a-dia, na pressão das rotinas e dos horários. De férias fomos mais nós próprios, relaxamos e tivemos tempo. Todos os dias tive uma hora para descansar entre os banhos e o jantar. Um sonho e uma realidade meramente ilusória no nosso dia-a-dia.
Há dias escrevia que não somos, nem de perto nem de longe, o exemplo da família perfeita. Somos seres humanos, cheios de defeitos e qualidades, no entanto, a nossa única vontade é a de fazer com que cada dia conte, sem programar demasiado e deixando fluir mais. Gostava que os meus filhos conseguissem desfrutar mais do momento e que fossem mais espontâneos do que a maioria de nós é depois de se tornar adulto.
Boa noite.