O melhor da vida é a vida como ela é
Eu gosto de partilhar o melhor da vida, porque é essa a mensagem (de positivismo) que quero passar e porque é dessa forma que eu levo a vida. Acredito que nada acontece por acaso, acredito que até a maior desilusão da nossa vida tem um motivo. Acredito devemos sempre ver o lado bom das coisas (porque ele existe) e que coisas boas atraem coisas boas. Acredito que não existem vidas perfeitas, filhos perfeitos, casamentos perfeitos, empregos perfeitos, mas a vida é simplesmente como ela é. Acredito que não valem a pena lamentações e que nós temos sempre algum poder de mudar o ruma das coisas. Tudo depende da perspectiva que damos ou do ângulo em que nos posicionamos.
Contudo, continuam a haver momentos mais complicado e exigentes. Momentos em que colocamos tudo em causa e até momentos em que nos arrependemos das decisões que tomamos. Crescer não é fácil, lidar com a vida adulta, com toda a sua complexidade e densidade, muito menos. A maternidade a tempo inteiro, com o Vicente, mostrou-me uma Vera que eu não conhecia, tive que lidar com coisas menos boas que eu nem dava por elas se não tivesse um bebé 24 horas comigo a exigir de mim tudo e mais alguma coisa. Costumo dizer que fiz a maior e mais profunda viagem dentro do meu ser, vi coisas que não gostei, outras que descobri e das quais me orgulho, mudei a minha perspectiva sobre uma série de situações. No fundo, cresci! Cresci tanto que há momentos em que me faltam as forças para me manter no nível em que estou. Há momentos em que me sinto a falhar como mãe, mulher, profissional, amiga... sinto-me a ser a pessoa que não quero ser. Sinto que o passo que dei pode ter sido maior do que as minhas pernas.
Depois, percebo que é a minha teimosia em querer sempre estar prevenida para todas as situações e para todos à minha volta. Afinal, cresci a ser auto-suficiente e a estar sempre à altura das exigências. Estive à altura de ser mãe pela primeira vez, de dividir a vida com uma outra pessoa, de tomar a decisão de deixar o meu emprego, de mudar de país, de ser dona de casa, de tentar ser uma pessoa interessante e manter-me, mais ou menos, culta e com tema de conversa, exercitei-me (ia ao ginásio às 6h00 da manhã), planeava viagens e fins-de-semana, assegurava as malas da família, dormia pouco(sempre dormi pouco). E tudo isto sem pedir ajuda, sem dizer "eu não sou capaz" ou "eu não consigo". Mas a verdade é que nunca ninguém me obrigou a nada. Foram tudo decisões minhas.
Porém, imagino que chegamos a um momento em que ficamos realmente cansadas e é, nesse momento, que nos sentimos culpadas: !Porque é que eu não estou a conseguir?", "Se agora não é mais difícil do que antes, porque é que eu não sou capaz?"; "Porque é que me apetece pedir ajuda se ninguém está preparado para me ouvir pedir ajuda?"
Às vezes, a vida parece simplesmente um enredo demasiado denso e confuso. Não se vê luz ao fundo, não se percebe qual o rumo certo a tomar. Tudo parece demasiado pesado, as forças faltam-me e eu coloco tudo em perspectiva. As vidas não são perfeitas e que não é perfeição que eu vos gosto de transmitir. A vida é como ela é e ponto final. Há altos e baixos, mas a minha mensagem será sempre de positivismo. Acredito que cada um de nós pode fazer muito por si mesmo, que pode (e deve) escolher o seu caminho de felicidade. Nem sempre é fácil, mas, no final, acredito que a recompensa será sempre maior.