Sobre as relações entre as pessoas...
Por vezes, dou por mim a pensar nas pessoas com as quais me relaciono e em que base essas relações assentam. Dou por mim a pensar que ainda existe um boa quantidade de pessoas, pelas quais nutro carinho, com quem me preocupo e com quem até tento manter uma relação estreita, mas com as quais, na reciprocidade, nada existe. E, no final, fica um vazio (em mim) por preencher, um vazio quase emocional. Porque na verdade, a relação entre as pessoas tem muito disto, de energias que se emitem e que recebem, a toda a hora, em qualquer lugar.
Por vezes, dou por mim a pensar que eu não preciso alimentar estas relações vazias e que ninguém pode exigir de ninguém aquilo que não está preparado para dar aos outros. E está tudo certo, porque no limite, não precisamos de ser todos amigos uns dos outros. E acima de tudo não precisamos de fingir que gostamos todos muito uns dos outros. E, o mais relevante de tudo, é assumirmos que nós somos a parte mais importante numa relação.
Num dia-a-dia tão agitado socialmente e tão cheio de pessoas, eu ainda sou daquelas que, no muito ou no pouco tempo que passo com alguém, valorizo algum conteúdo na partilha, gosto de conversar quando a conversa vai além do supérfluo. E, às vezes, são as pessoas mais improváveis que fazem valer o nosso dia, assim do nada e com um simples gesto ou uma simples palavra. São pessoas que acabam por estar na mesma sintonia que nós e que acabamos por atrair para junto de nós quando se dá o amadurecimento. Quando passamos para um outro nível, em que percebemos que a vida é mesmo assim: não podemos agradar a toda a gente, mas também não podemos deixar que toda a gente nos roube a alma ou a energia. Percebemos tudo isso, sem inquietações, mas com serenidade... porque, afinal, a vida é mesmo assim. Percebemos igualmente que, a certo ponto, as pessoas à nossa volta acham simplesmente que estamos diferentes, mais distantes ou, então, mais esquisitas e nós... aceitamos isso com a tranquilidade de quem já percebeu que a vida é mesmo assim.
Nas relações, só uma coisa é certa: ninguém muda ninguém. Portanto, só uma pessoa que pode mudar e essa pessoa somos nós! E da minha experiência, ganhamos qualidade de vida quando percebemos isto e quando isto na nossa cabeça faz realmente sentido. Sem querer, dou por mim a discutir muito menos com o meu marido, por exemplo; dou por mim a preocupar-me muito menos com as dinâmicas que se geram à minha volta, havendo realmente muita pouca coisa a aborrecer-me.
É verdade que o ser humano não é, por natureza, solitário, mas se interiorizarmos que a nossa felicidade está 99% nas nossas mãos, deixamos de sofrer tanto com os percalços que vamos tendo na vida causados pelos outros.
Não sei se o que acabei de escrever faz algum sentido, mas, no contexto do meu dia de hoje, isto foi algo que não me saiu da cabeça.
Boa noite.