Um filho seria pouco, dois é óptimo! Três? Não, obrigada!
Estas pessoinhas - os meus filhos - são a melhor coisa que fiz na vida, não tenho dúvidas. Por eles, valerá sempre tudo a pena, valeu a mudança de 360º que fiz há quatro anos atrás, as sucessivas adaptações, mesmo quando achei que o passo estava a ser maior do que as minhas próprias pernas e sentisse que as responsabilidades estavam acima da minha capacidade para lidar com elas. Estas pessoinhas - os meus filhos - vão ser sempre a melhor coisa que algum dia fiz na minha vida toda. E agora têm-se uma à outra pela vida fora.
A Laura não imagina a sua vida sem o irmão, é directamente para eles que vão os abraços e os beijos maiores e o melhor do seu dia é quando ele chega a casa depois da escola. Acredito que tem umas ganas tão fortes de crescer para o poder acompanhar, para poder fazer igual ele e para ser aceite por ele nas suas brincadeiras. Para o Vicente, as coisas são um pouco diferentes, adora-a, mas não deixa de sentir que, ao mesmo tempo, alguém lhe está a roubar o espaço, alguém que, para ele, lhe rouba os brinquedos, não o deixa estar sossegado, que estraga mais do que ajuda. Alguém que, ao mesmo tempo, suscita também nele um sentimento de amor e de protecção. Demasiados sentimentos e todos muito fortes - e contraditórios - para uma criança de apenas quatro anos saber lidar.
Limar todas estas arestas tem sido o meu trabalho e à medida que a Laura vai ocupando cada vez mais espaço, ainda mais. É preciso tempo para cada um, é preciso tempo para os dois e é preciso tempo em família, a quarto, para que todos nós percebamos como é que tudo isto, afinal, funciona na prática. Pertencemos ao grupo dos pais "maluquinhos" que saem de casa sem ipads ou coisas semelhantes para os entreter, somos aqueles +ais que, às vezes, desesperam porque não conseguimos ter dois filhos entretidos ao mesmo tempo e uma refeição em família fora de casa é, neste momento, uma coisa um pouco caótica. A Laura já partiu um prato, atira comida para o chão, berra e esperneia, pois só está bem no chão com liberdade para não parar quieta e chama atenção de toda a gente para que simplesmente olhem para ela e lhe digam olá. O Vicente, bom, com ele nunca se sabe muito bem o que nos vai calhar na sorte... Somos os pais que depois de conseguir comer, apressam-se a pedir a conta para vir para a rua. Ficamos a pensar que, muitas vezes, nem conseguimos saborear bem a comida. Mas, para mim, é mais uma prova superada nossa, de viver em conjunto e termos que aprender a conviver sem distracções, pelo menos, no pouco tempo de qualidade que o dia-a-dia nos reserva para a família.
Este fim-de-semana prometi que ia ser assim: nós para os nossos filhos, com o tempo e a dedicação que eles precisam e merecem. Depois dos dias difíceis que passei com o Vicente, reservei também tempo só para estar com ele, sem a irmã por perto. E o balanço foi bom - coincidência ou não, nem houve descuidos na cama nem nada. Afinal, talvez aquilo que todos nós andamos à procura seja de um pouco de atenção, daquela em exclusivo, sem interferências pelo meio, queremos sentir que do outro lado está alguém que nos ouve e que se importa, que se dedica a nós por completo mesmo que seja por pouco tempo.
Estamos numa fase exigente com os dois, por motivos diferentes e a Laura é bem diferente do irmão, muito mais "perigosa" e absorvente e talvez, eu não andasse a saber fazer bem a dosagem da atenção.
Mas estas pessoinhas são a melhor coisa que fiz na vida, são elas que me permitem olhar para dentro e analisar cada coisa que eu faço, porque eu não sou ingénua ao pensar que as crianças não são o nosso reflexo e das nossas atitudes.
Estas pessoinhas têm-se agora uma à outra, começam agora a descobrir o nós e a criar um espaço dos dois, de interacção e de aprendizagem. Ser mãe uma vez é muito bom, mas ser mãe duas vezes é ainda melhor - já pensar num terceiro, é de loucos ahahahah :)
Boa noite.