E ela deixou de mamar à noite?
19.02.17 | Vera Dias Pinheiro
Outras das perguntas que mais me fizeram, depois de ter dito que a Laura já estava a dormir melhor e na cama dela, foi em relação à amamentação. Supondo que a Laura dorme a noite toda e que, durante o dia, eu já não dou de mamar, como é que eu faço para continuar a amamentar?
Bem... não vos vou falar de como era importante conseguir amamentar este segundo filho e de como, ainda mais importante, era conseguir que essa experiência fosse algo de natural entre nós, pois se acompanham este blogue há pelo menos 10 meses, tiveram oportunidade de ler outros posts sobre o tema. E, para mim, amamentar está e irá estar sempre associado à livre demanda e ao desmame natural, mas também a uma experiência bastante exigente para a mulher, que pode passar por muitos momentos de alegria, como pode dar por si em situações de um cansaço extremo. Existem momentos em que não nos apetece continuar; em que queremos as nossas maminhas de volta; não queremos os beliscões, nem as mordidelas; as subidas de leite; os mamilos gretados; etc.. etc.. etc... Porém, ao mesmo tempo, é uma sensação maravilhosa - para quem o quer fazer, como é óbvio - em que o mundo parece parar e ver reflectido no rosto do nosso bebé o seu ar de satisfação e a forma e a forma como adormece pele com pele connosco.... Ai!!!!!! Esses momentos vão estar gravados na minha memória para sempre. Sem dúvida!
No entanto, à medida que a Laura foi crescendo, a sua atenção começou a dispersar-se e, embora ela quisesse mamar, queria também brincar, olhar à sua voltar, rir-se... sem esquecer que a mama servia também para adormecer. Quando iniciámos a alimentação complementar, levámos algum tempo até que ela percebesse que o seu alimento agora também era outro. Entre os seis e os nove meses, a amamentação ainda estava muito presente, porém era mais por capricho seu, acabando por não haver já aquela ligação emocional do início. Ora, tudo isto, conjugado com as noites péssimas, fez-me pensar muitas vezes em deixar. Houve momentos em que eu não queria mais, estava cansada, eu não tinha dias nem noites e... estava cansada. Pronto! Porém, ela ainda precisa realmente muito de mim e eu seria incapaz de colocar um ponto final apenas por minha iniciativa.
À medida que comecei a ter mais atenção às suas rotinas e a ter mais cuidado em criar as condições necessárias para que ela conseguisse dormir mais e com melhor qualidade, ela foi deixando progressivamente de me procurar. Durante o dia já não me procurava e fomos mantendo a maminha apenas antes de dormir, durante a noite e de manhã. Com o tempo fui percebendo que antes de dormir, ela já não estava a comer e estava ali para brincar (levantava o rabo, trincava, ria-se e até parecia ficar mais desperta). Sendo assim, o passo seguinte foi adormecê-la directamente e, se acordar durante a noite, acalmo-a com a mama - e acorda ainda a maioria delas - de manhã, umas vezes dou, outras não, depende muito dela.
Por isso, mais uma vez, eu só vos posso dizer que aquilo que comecei a fazer foi prestar mais atenção à Laura e às suas necessidades seja para dormir, seja para mamar. É ela que vai ditando o rumo das coisas e eu só me tenho preocupado em proporcionar-lhe as condições de que ela necessita. E aqui, não há truques, nem segredos, cada bebé funciona de maneira diferente e temos que ser nós a fazer esse trabalho de conhecimento do bebé, estando o mais atentas possível e, obviamente que, na maioria das vezes, só vamos lá pela tentativa-erro.
Posso dizer-vos que me sinto mais tranquila agora, tendo esta independência. Consegui dar de mamar até aos doze meses e isso é fantástico, muito melhor do que aquilo que eu podia ter imaginado, sobretudo, por ter corrido tão bem e de forma tão natural. E, sem dúvida, que estou muito mais descansada por ter sido ela a manifestar este "desinteresse" progressivo.
Portanto, é isto! Eu acho que as coisas tem acabado por acontecer no momento certo para ambas.
Boa noite.