O amor | Fazer Prevalecer E Nunca Desistir
14.02.17 | Vera Dias Pinheiro
Ouço algumas vezes, as minhas amigas solteiras "queixarem-se" de como é difícil encontrar alguém "decente" - palavras delas - nos dias de hoje. Continuam solteiras porque ainda ninguém se mostrou decidido a assumir uma relação com tudo o que ela envolve e exige. Aliás, é precisamente quando se está prestes a passar a fronteira para uma relação assumida que se ouve: "O problema não és tu, sou eu! Não me sinto preparado para uma relação".
E a minha resposta acaba por ser sempre a mesma: "Pudera, pois o que dá realmente trabalho é manter uma relação ano após ano; que sobrevive após as discussões; às diferenças de feitio; aos filhos; ao dia-a-dia que se transforma; e há consequente falta de tempo para conseguir chegar a todo o lado com a mesma energia e com a mesma entrega de antes. Aliás, como seria mais fácil, dar esse tempo, por vezes, ao invés de lutar e enfrentar os problemas. Mas o amor é assim, é mágico e grandioso, mas ao mesmo tempo, delicado e inseguro. Precisa de constantes reminders de que estamos aqui, cuidamos dele, gostamos dele e que nunca nos esquecemos dele.
Quem ama, cuida...
O amor precisa que a nossa capacidade de nos reiventarmos não fique adormecida com o cansaço, com a falta de tempo, com o trabalho, com o stress e com todas as outras desculpas que passamos a vida a inventar. O amor é um compromisso que se espera que dure "uma vida inteira", mas que na realidade só dura o tempo que nós quisermos e que nós decidimos investir nele. Porque na base da partilha tem que haver muito mais do que apenas amor, é preciso haver um trabalho de equipa, de cooperação, co-ajuda e nunca de disputa.
Mas que tenhamos a capacidade de fazer com que o tempo que vivemos juntos pareça uma vida inteira, porque vivemos cada instante dessa história intensamente.
Os filhos são a prova de fogo na vida de um casal, pois, se por um lado pode evidenciar aquilo que os une, por outro, pode acentuar também as nossas divergências e as nossas fragilidades. Mas se existir o amor, não nos podemos esquecer dele e do trabalho de equipa, pois se soubermos ultrapassar os momentos difíceis, ficaremos mais fortes e mais unidos no futuro.
No amor é preciso seleccionar as guerras que valem a pena travar, os problemas aos quais se devem dar realmente importância, para que uma simples pedrinha não contamine tudo o resto. No amor, é preciso não esquecer de que lado estamos, é que se estivemos do mesmo lado, então, não vale a pena discutir. No amor é preciso dar mais importância às coisas boas, do que às coisas menos boas.
Se me perguntassem qual a minha receita para um casamento/relação feliz (ou saudável, se quiserem), eu não hesitaria em dizer:
Se me perguntassem qual a minha receita para um casamento/relação feliz (ou saudável, se quiserem), eu não hesitaria em dizer:
- jamais irem dormir chateados um com o outro;
- conseguirem encontrar o momento certo para que ambos consigam conversar calmamente e resolver os problemas;
- não discutir em frente dos filhos;
- não perderem simples hábitos como dar a mão na rua, fazer um brincadeira, dar um beijinho de bom dia, boa noite....
- aceitar as particularidades do outro, que é como quem diz, aceitar, por exemplo, que tenha mau feitio de manhã e até achar graça nisso;
- não colocar em causa a relação por tudo e por nada;
- antes de agir contra alguma coisa que não gostamos, aprender a colocar-nos no lugar do outro;
- não temos sempre razão e não ter razão não é necessariamente mau;
- sejam tolerantes, pois, muitas vezes, os dois querem e estão a falar da mesma a coisa;
- reinventem-se e tenham a iniciativa.
O amor existe sob diferentes formas, eu própria fui constatando isso ao longo da minha vida. Percebi que não tem que ser aquele sentimento de romance que lemos nos livros ou que assistimos nos filmes, porque o amor é um sentimento das pessoas e não existem duas pessoas iguais e, no nosso dia-a-dia, uma parte é amor e todo o resto, é o trabalho que fazemos na construção de uma vida a dois, que depois, passa a três, a quatro.... O amor vai-se alterando e isso não tem mal algum, aquilo que me preocupa é quando deixamos de ter presente o porquê de estarmos juntos!
Talvez, tão importante quanto o exercício da gratidão, seria fazer o exercício de pensarmos todas as noites, antes de irmos dormir, numa razão pela qual nos apaixonamos pela pessoa que está ali ao nosso lado.
Enquanto, não nos faltarem os argumentos, o amor prevalecerá.
Ah! Mas para o amor ao outro resulte, não nos podemos esquecer de gostarmos (e cuidarmos) de nós em primeiro lugar. Certo?
Viva o amor!!!
Agradecimentos: