Testemunhos reais | "Mãe, porque é que eu sou gorda?"
23.01.17 | Vera Dias Pinheiro
A Francisca tem três anos e aquilo que vemos nela é uma menina muito feliz, sempre de sorriso no rosto e que dá vontade de abraçar. Alguns amigos da escola da Francisca viram nela uma menina gordinha e fizeram questão de lho dizer. O que se seguiu já vocês podem imaginar, especialmente numa sociedade que está cada vez mais centrada em determinados padrões de beleza - magros, musculados se possível - e isso é algo que se vê acontecer cada vez mais cedo - e para isso basta percorrermos alguns dos hastags mais badalados das fitgirls e constatar a idade de muitas delas.
Com três anos, é impossível esperar que uma criança saiba responder ou mesmo defender-se quando ouve chamarem-lhe "gorda" - ela própria não saberá muito bem o que isso quer dizer. Porém, a mesma idade não foi obstáculo a que se soubesse fazer este tipo de julgamentos baseados numa determinada aparência. Poderá ter sido uma brincadeira, não terá havido má intenção, mas para a Francisca foi algo que ficou lá retido na sua cabecinha e que só o tempo, a sua auto-estima e o trabalho dos pais podem fazer com que fique esquecido de vez.
Quando ouvi a história da Francisca, foi impossível não me lembrar de uma outra história: a da mãe que ao saber que a sua filha gozava com uma amiga da escola que não tinha cabelo - por causa de leucemia - não foi de rodeios e resolveu fazer o mesmo à sua filha: rapou-lhe o cabelo.
Entre o certo ou o errado, existe muita coisa e não é por fazermos de forma diferente uns dos outros que fazemos mais certo ou mais errado. Aquilo que importa é não esquecermos que a educação dos nossos filhos depende sempre de nós e que não existem modelos perfeitos e que sejamos capazes de fazer dos nossos filhos pessoas que se sintam bem com a imagem que vêm reflectida no espelho, se se amam a eles próprios, antes dos outros, que tenham a segurança e a auto-confiança para não se deixarem abalar com comentários alheios.
Esta é a história da Francisca. Uma história que nos deve colocar a todos a reflectir.
"A Francisca tem 3anos. Nasceu com 3,670kg. Desde que nascemos que o peso nos define. Ou nasceumuito gordinha, ou ai credo que peso de rato. Quando um bebé nasce, ninguém quersaber se está saudável, mas sim: sexo, peso e tamanho. É isto que nos definedesde o primeiro segundo neste mundo.
Com três anos, é impossível esperar que uma criança saiba responder ou mesmo defender-se quando ouve chamarem-lhe "gorda" - ela própria não saberá muito bem o que isso quer dizer. Porém, a mesma idade não foi obstáculo a que se soubesse fazer este tipo de julgamentos baseados numa determinada aparência. Poderá ter sido uma brincadeira, não terá havido má intenção, mas para a Francisca foi algo que ficou lá retido na sua cabecinha e que só o tempo, a sua auto-estima e o trabalho dos pais podem fazer com que fique esquecido de vez.
Quando ouvi a história da Francisca, foi impossível não me lembrar de uma outra história: a da mãe que ao saber que a sua filha gozava com uma amiga da escola que não tinha cabelo - por causa de leucemia - não foi de rodeios e resolveu fazer o mesmo à sua filha: rapou-lhe o cabelo.
Entre o certo ou o errado, existe muita coisa e não é por fazermos de forma diferente uns dos outros que fazemos mais certo ou mais errado. Aquilo que importa é não esquecermos que a educação dos nossos filhos depende sempre de nós e que não existem modelos perfeitos e que sejamos capazes de fazer dos nossos filhos pessoas que se sintam bem com a imagem que vêm reflectida no espelho, se se amam a eles próprios, antes dos outros, que tenham a segurança e a auto-confiança para não se deixarem abalar com comentários alheios.
Esta é a história da Francisca. Uma história que nos deve colocar a todos a reflectir.
"A Francisca tem 3anos. Nasceu com 3,670kg. Desde que nascemos que o peso nos define. Ou nasceumuito gordinha, ou ai credo que peso de rato. Quando um bebé nasce, ninguém quersaber se está saudável, mas sim: sexo, peso e tamanho. É isto que nos definedesde o primeiro segundo neste mundo.
No dia em que aminha filha chegou da escola e me perguntou porque é que ela era gorda, o meumundo caiu. Quis saber o porquê da pergunta (a resposta era óbvia, mas quis tera certeza que com uma idade tão tenra já sabiam que peso a mais era uma arma deataque): “um menino na escola chamou-me gorda!”.
Tentei dar poucaimportância ao assunto, dizendo-lhe que não era gorda. Que de certeza que eramaior que o outro menino e ele achou que era gorda. Dei-lhe um abraço e disse:és a menina mais inteligente e com o sorriso mais feliz que eu conheço,portanto não te quero triste. A desilusão passou, mas de vez em quando aindalhe vem à memória.
Nesse dia, após elaadormecer, eu chorei. E muito. A minha filha de 3 anos foi confrontada compadrões impostos pela sociedade, quando a única preocupação dela devia ser comque boneco brincar.
O que quero aquialertar é: aquela criança não aprendeu o significado de gorda sozinha. Osnossos filhos são pequenos radares e captam tudo, mesmo quando achamos queestão na estratosfera. Os nossos filhos são inteligentes e sabem como usar aspalavras para magoar, pois é a maneira mais fácil que usam para lidar com afrustração, ou com as situações a que são expostos.
Nenhum pai éperfeito, nem nenhum filho. Mas são nossos. E a educação que lhes damos hoje,vai ser a base do adulto que ele se vai tornar amanhã. Não lhes imponhampadrões, mostrem-lhes que as pessoas não são cores, géneros ou corpos. Mas quesão seres humanos com características únicas e, essencialmente, comsentimentos. E que, se esses sentimentos forem magoados, podem trazer gravesconsequências."
Marta Lourenço, mãe da Francisca.