Quando eu me tornei na minha mãe...
05.01.17 | Vera Dias Pinheiro
Eu sabia que isto, mais cedo ou mais tarde, iria acabar por acontecer. Sobretudo, quando comecei a perceber que os desafios da maternidade chegam verdadeiramente mais tarde e não nos primeiros meses de vida ou no primeiro ano. E são desafios que continuam a aumentar à medida que a capacidade de argumentação das ciranças também aumenta e fica mais "refinada".
Actualmente, já sinto necessidade de recorrer a certas habilidades "especiais" para conseguir dar a volta ao Vicente; para conseguir convencê-lo de alguma coisa que ele não quer; ou até para dar resposta às saídas que tem - refiro-me apenas ao Vicente, pois a Laura ainda não entra nesta equação.
E agora entendo que não foi à toa que, quando desabafei acerca dos "terrible two", muitas mães me disserem que podem ser terríveis, mas não são os piores! Esses vêm mais tarde. Mas, calma, pois nem tudo é mau. É delicioso, por exemplo, perceber que conseguimos ter conversas com o nosso filho, que temos um amigo para passear na rua, que tem saídas que nos dão uma vontade imensa de rir, que participa efectivamente nas coisas, que já opina e tem a sua personalidade, entre tantas outras coisas.
E agora entendo que não foi à toa que, quando desabafei acerca dos "terrible two", muitas mães me disserem que podem ser terríveis, mas não são os piores! Esses vêm mais tarde. Mas, calma, pois nem tudo é mau. É delicioso, por exemplo, perceber que conseguimos ter conversas com o nosso filho, que temos um amigo para passear na rua, que tem saídas que nos dão uma vontade imensa de rir, que participa efectivamente nas coisas, que já opina e tem a sua personalidade, entre tantas outras coisas.
Bom, mas no meio disto tudo, há uma mãe também em evolução e em crescimento. Há uma mãe que antes de ser mãe, dizia que havia coisas que nunca iria dizer ou fazer e que ouvia sempre de resposta (da sua própria mãe) "Isso dizes tu agora. Quando tiveres filhos logo falaremos!". E mais vale sermos logo honestas e admitir que sim, isso é verdade! E eu já caí algumas vezes nesse lugar comum e já disse algumas vezes, a brincar que "sinto-me a minha mãe a falar"... por exemplo:
- Quando dou por mim a tecer vaticínios sobre coisas que ainda não acontecerem;
- Quando dou por a dizer "estás a ver? Eu bem te avisei que isso ia acontecer";
- Quando recorro ao "eu é sou a mãe, eu é que sei" quando mais nada está a resultar ou, então, estou a desesperar por um "shut down";
- Quando começo: "Vou contar até três";
- Ou, então: "Não sei o que seria desta casa sem mim";
E sabem o que é mais engraçado?! É que imediatamente a seguir, sinto aquela vozinha "irritante" dentro da minha cabeça a sussurrar: "estás a ver?!!!!" ?