Este Natal não oferecemos presentes!
16.11.16 | Vera Dias Pinheiro
Este ano não vamos ter presentes para abrir na manhã de Natal, porque este ano decidimos que a nossa prenda de Natal, a de toda a família, vai ser uma viagem a um destino que há muito estava nos nossos planos.
Muito em breve vamos estar novamente a fazer as malas, desta vez para um destino um pouco mais frio; talvez até apanhemos neve, quem sabe! E se, em Bruxelas, para sair do país bastava apenas pegar no nosso carro e ir, agora já não é bem assim. Hoj é preciso planear, é preciso poupar mais e é preciso fazer opções - na vida real não basta apenas a nossa vontade. Por isso, decidimos que a nossa prenda de Natal vai ser esta viagem e que, não querendo sacrificar o nosso orçamento familiar, assumir que não vamos ter mais prendas, libertando-nos do peso material que o Natal acarreta.
Felizmente (ou não), nos dias de hoje, as crianças estão sempre a receber presentes ou lembranças e, assumo que estou a falar por experiência própria. Por exemplo, o Vicente adora a Patrulha Pata; ora as avós não descansaram enquanto ele não teve todos os bonecos e carros incluídos; depois, são algumas brincadeiras mais didácticas que vou vendo e que acho que ele vai gostar, acabando por comprar; de seguida, há também as coisas que recebemos em casa, por simpatia das marcas e porque, de alguma forma, esperam que nós experimentemos para, em seguida, darmos a nossa opinião -afinal, um blog serve também para isso, para falarmos de nós, mas também das coisas que fazemos, que gostamos e que experimentamos; mas não ficamos por aqui: existem ainda os chamados fenómenos como agora as miniaturas do Lidl, que acabam por levar por arrasto toda a família para se completar a maldita colecção - e eu, que achava que já estava a salvo dessa febre, dou por mim a tentar adivinhar na caixa quais são as figuras que lá estão dentro, para não trazer repetidas para casa. Aparentemente, parece algo de inofensivo; afinal, se vamos às compras, vamos ali e ainda trazemos alguma coisa para os miúdos. Mas não é assim tão simples, pois as crianças focam-se no lado material, ou seja, nos bonecos que vão trazer para casa sempre que formos às compras, sem terem realmente a noção que é preciso gastar dinheiro para os recebermos.
Mas tudo isto para vos dizer que eu acho que existe um acesso demasiado facilitado ao consumo, e que associar o Natal (ou mesmo um aniversário) a mais consumo, parece-me retirar muito (senão toda) daquela que é a essência desta quadra. Mas esta é uma preocupação que tenho tido desde sempre. Temos, aliás, uma política cá em casa que é a de nos juntarmos para oferecermos menos, mas melhor, e para o Vicente, as prendas do Natal da família, são do dia de Natal. Ou seja, na manhã do dia 25, ele abre os presente que o Pai Natal deixou durante a noite - não é o presente da avó, da bisa, da mãe ou do pai.
Por outro lado, sei que a riqueza e a experiência de viajar e de conhecer outras realidades para além da nossa é, talvez, dos melhores presentes que posso dar aos meus filhos. Especialmente agora faz ainda mais sentido, nesta fase em que o Vicente já está tão vivo e esperto, que questiona tudo e mais alguma coisa e que sinto que já se lembra das coisas que faz. E esta nossa ideia surgiu precisamente após a nossa viagem aos Açores, em que o vimos tão feliz por estar ali e por andar de avião.
Havendo esta possibilidade da nossa parte, penso que este Natal vai ser muito especial por isso. Este ano não vamos oferecer presentes de Natal e estamos tão felizes e, ao mesmo tempo, tão mais leves por nos aliviarmos desse peso.
Se me perguntarem o que quero para o Natal, sinceramente, é poder ter estas experiências com a minha família, poder coleccionar memórias, imprimir as fotografias e guardar para recordar mais tarde! Acredito verdadeiramente que aquilo que os meus filhos recordarão serão estes momentos e não das coisas que lhes compramos.
E já falta tão pouquinho para a nossa viagem!!!!!!! ?