Os nossos (novos) desafios
13.11.16 | Vera Dias Pinheiro
Lá venho eu com um pouco de "mais do mesmo"... as rotinas, os horários, as birras, o caos, o sono... o fim do dia! O fim do dia continua a ser tão difícil de gerir. Existem finais de dia que correm bem, mas é uma espécie de lotaria, isto é: nunca sabemos quando é que vai acontecer e nunca acontece tantas vezes como desejaríamos.
Quando tenho apoio - a minha mãe - por perto, aproveito todas as oportunidades para estar sozinha com o Vicente, mas tenho vindo a perceber que isso não substituí as noites em que não o consigo adormecer por estar com a irmã. Ao contrário dele, a Laura precisa de colo, da maminha da mãe, precisa que lá esteja até adormecer, caso contrário, chora sem parar. Não consigo deitá-la antes do Vicente ir para a cama, nem depois. Mas sinto que o Vicente precisa e quer também que a sua mãe se deite com ele, lhe faça cafoné e lhe dê beijinhos até adormecer - e eu também tenho saudades de lhe fazer isso.
Receber um irmão é uma coisa boa, sem dúvida, mas exigente e a adaptação da criança, que se torna "o irmão mais velho", vai sendo feita com avanços e recuos - naturais e desejados para que tudo aconteça de uma forma saudável. Por aqui, começou tudo muito bem, mas aos poucos noto que o Vicente está a viver sentimentos que ele próprio ainda não conhece e controla muito bem, e o ciúme é um deles. São cada vez mais, as situações que fazem despertar nele uma fúria que eu nunca tinha visto e tudo motivado por esse sentimento novo que se vai apoderando dele: as brincadeiras que se fazem com a irmã, as gracinhas que nos fazem rir a todos, os brinquedos dele que ela já quer agarrar se está por perto e ter que ter a mãe quase em exclusivo para dormir.
Para mim, é difícil. Torna-se difícil conseguir gerir tudo isto de forma a chegar a ambos na mesma altura e na proporção que ambos precisam - e, muitas vezes, tentando que o cansaço não interfira em nada. E é no fim do dia que tudo isto se torna mais complicado. Se estou a adormecer a Laura, o Vicente espera por mim para lhe dar um beijo; se adormeço o Vicente, a Laura está aos berros até eu chegar. E depois, há um sentimento inevitável - e este no que me diz respeito a mim - que é o de acharmos que temos que compensar a atenção ora de um ora de outro.