Como foi o teu dia, pai?
21.10.16 | Vera Dias Pinheiro
Mais uma semana que termina, entretanto, os dias já começam a ficar mais curtos e com menos luz, a chuva até parece que veio para ficar durante alguns dias e, aos poucos, vamos todos entrar naquela fase em que começamos a andar um pouco mais deprimidos e mais irritados quando o Inverno chegar em força. Para além disso, a correria do dia-a-dia é tão intensa que, por vezes, temos dificuldade em desligar e em deixar o que não interessa à porta de casa.
Por isso, nós criamos um hábito cá em casa. Foi uma coisa que começou meio na brincadeira num dia em que o pai chegou a casa de semblante muito carregado, pois tinha tido um dia mais complicado no trabalho. Estava particularmente cansado e, inevitavelmente, com menos paciência. E o Vicente, como qualquer outra criança, tem muitas expectativas em relação ao momento em que volta a estar com a mãe, com a irmã e com o pai ao final do dia: reclama atenção, precisa dessa atenção e precisa também de muita paciência. E, a verdade é que, havia dias em que isso não havia, o que tornava o fim do dia e a hora de ir dormir - que, para mim, deve ser tranquila - um autêntico pesadelo.
Ora, nesse dia em que o pai chegou de semblante carregado, decidi fazer uma coisa diferente e, por isso, pedi ao Vicente que perguntasse ao pai como tinha sido o seu dia. E ele, depois da habitual recepção eufórica que sempre faz assim que começa a ouvir a chave na porta, pergunta-lhe:
- Como foi o teu dia, pai?
E assim, conseguimos alterar o chip daquele fim de dia! Porque, entretanto, pedia-lhe para só contar as partes boas - o que acaba por ser um excelente exercício para fazermos a limpeza de tudo aquilo que possa ter corrido mal e que nos impede de dar valor às coisas boas. E desde então, no momento em que estamos todos à mesa, cada um de nós conta como foi o seu dia: o que fez, o que comeu, com quem falou... contamos as maiores trivialidades e banalidades, mas que para o Vicente tornou-se o momento alto que passa com os pais - entretanto, a irmã já está deitada e ele tem a atenção toda para ele.
Como em qualquer outra família, os horários não são fáceis e se eu não tivesse tomado a decisão de nesta fase, ser mais presente, seríamos aqueles pais que deixam os filhos às oito da manhã na escola para ir buscar novamente apenas às oito da noite e em que o tempo de qualidade com os filhos se reduz a quase nada durante a semana. No entanto, embora eles passem muito tempo comigo, isso não compensa o tempo que não passam com o pai. E, por isso, quando o pai chega há sempre uma grande festa e é importante que aqueles vinte minutos, uma hora, duas horas... o que seja. seja bons!
Por aqui, foi com esta simples pergunta que mudamos o rumo dos nossos dias, que se dá o ponto de viragem e em que cada um de nós, dedica toda a sua atenção ao outro. Os problemas ficaram esquecidos e o só se fala do melhor do nosso dia.
E, por aí, como foi o vosso dia? :)