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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

As viagens dos Vs

A verdade é: nunca digas nunca...

26.08.16 | Vera Dias Pinheiro
Ser mãe foi, sem dúvida, a experiência mais marcante na minha vida e também aquela que mais me fez mudar, talvez fruto das circunstâncias "especiais" com as quais embarquei nesta viagem. Mas o assunto maternidade acaba por tornar-se também uma experiência sociológica muito interessante, nomeadamente no que respeita a nós, mulheres! 
Antes de sermos mães, achamos sempre que connosco vai ser diferente e que vamos conseguir ser assim uma espécie de mãe ideal, como aquelas que vêm nos livros, um autêntico modelo a seguir e como tal, é óbvio que nunca vamos fazer (nem nós, nem os nossos filhos) certas coisas que vemos a as mães e os filhos das outras mães fazerem. 
Depois, temos os nossos próprios filhos e somos como que imbuídas de um super poder qualquer - também esse diferente do das outras mães - e, também por isso, sabemos sempre fazer melhor não só com os nossos filhos, como ainda, com os filhos dos outros. Espectacular, não é? Pois, é! 

Por outro lado, acaba por haver, ao mesmo tempo, o sentimento de que nunca estamos a fazer alguma coisa certa, pois há sempre uma ou outra voz que se insurge para nos dizer imediatamente que, se fizéssemos de uma outra forma, faríamos muito melhor e o nosso filho iria gostar muito mais. Pois, se calhar, eu acho que nenhuma de nós consegue ser a tal super mãe ideal que achávamos que seríamos capazes de ser antes de termos filhos. Tenho quase a certeza que, em algum momento, já demos por nós a fazer uma daquelas coisas que antes já tínhamos dito que NUNCA! JAMAIS! iríamos fazer ou deixar os nossos filhos fazerem.

E para que ninguém se sinta mal com isso, partilho com vocês algumas das coisas que já fiz e que (também) pensei que NUNCA iria fazer e  algumas das situações pelas quais já passei com filhos que também achava que NUNCA iria passar. Querem ver?

1. Palmadas! Sim, já dei uma palmada no rabo do meu filho e a primeira vez que aconteceu, imediatamente a seguir senti-me muito mal comigo mesma, culpei-me por ter cedido ao fácil e por não ter conseguido ter tido uma paciência infinita.

2. Gritar! Eu sei que a criança ouve melhor se falar num tom calmo e sereno, no entanto, há momentos em que continuamos a achar que um berro resolve melhor as coisas - nunca resolve, sei disso perfeitamente e tenho aprendido a controlar-me cada vez mais.

3. Já liguei a televisão no canal dos desenhos animados só para conseguir ter um momento só para mim.

4. Nem sempre tenho a paciência para fazer a refeição ideal e, por vezes, o ovo mexido com arroz e massa - muito apreciados, atenção! - são a refeição principal - ainda assim, posso dizer que este é o grande excesso, sem efectivamente o ser!

5. Quando estou a dar de mamar, de vez em quando, lá vai uma olhadela para o Facebook e para o Instagram - mas já à hora das refeições não temos telemóveis, televisão e outras distracções que não nós próprios.

6. Às vezes, sei que eles já acordaram da sesta, mas "finjo" que não sei e espero até começar a ouvir os gritinhos que ditam oficialmente o fim da sesta e, consequentemente, da minha pausa.

7. Já tive birras no supermercado e já tive o meu filho aos berros na rua e não fiz nada - aliás, fiz, ignorei, porque nada que eu pudesse fazer iria acabar com aquilo.

8. Há dias em que só me passa pela cabeça, a hora em que vão estar na cama e a dormir.

9. E, sobretudo, já passei por situações, enquanto mãe, que me fizeram perceber que, às vezes, julgamos certas atitudes dos pais sem sequer pensarmos o que poderá estar por trás disso. 
Há dias em que estamos infinitamente cansados, outros em que tudo o que nos apetece é não fazer nada e temos que fazer. Há dias em que saímos de casa só para ver se paramos uma birra, para "largar o nosso filho no parque a brincar e nós podermos respirar.  

Na verdade, se pensarmos bem, nós - as mulheres - temos muito mais motivos para nos unirmos do que para nos criticarmos, pois só nós sabemos dar valor a determinadas coisas, só nós entendemos na perfeição, porque (felizmente) há sempre uma mãe que já passou por uma situação semelhante e isso dá-nos uma sensação de alívio e, ao mesmo tempo, de sabermos que temos a quem pedir ajuda, nem que seja apenas para desabafar. 

Ah! E independentemente de fazermos algumas das coisas que achávamos que nunca iríamos fazer, isso não nos tornam más mães. Somos as mães que somos:  feitas de mães de carne e osso, que sentem as coisas como qualquer outra pessoa é que, por vezes, também erram.   E, acima de tudo, somos mães que procuram em todos os momentos -mesmo aqueles em que os nossos filhos já estão a dormir - ser a melhor mãe que consegue e sabe. :)

Boa tarde!


nunca digas nunca + coisas que não pensamos fazer antes de ser mãe + docas + geladaria UAU + desabafos de uma mãe + coisas que nunca pensei fazer enquanto mãe

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