Um amor que se multiplica
07.07.16 | Vera Dias Pinheiro
Fotografia Lovetography |
Com tudo aquilo que se ouve, esperavaviver esta segunda maternidade de uma forma muito menos tranquila e sem temposuficiente para desfrutar de cada pedacinho dela e de nós. Mas ser mãe da Lauraé como ser mãe pela primeira vez, tanto dela como do Vicente. Ser mãe da Laurafez-me perceber como tanta coisa nos foi roubada, a mim e ao Vicente, e como aforma que nos trataram, aos dois, no parto e nos momentos a seguir, levaram aque tivéssemos andado completamente perdidos, durante demasiado tempo.
Passados os primeiros meses, a minhacomunicação com a Laura vai sendo cada vez mais natural e automática, os nossosolhares encontram-se muitas vezes e conversam entre si - eu consigo ler-lhe opensamento e quase que aposto que ela também consegue ler os meus. Asinseguranças da primeira gravidez vão-se dissipando e eu vou tomando,finalmente, consciência de que a Laura não é o Vicente e que as coisas podemcorrer bem, muito bem, sem motivos para continuar a alimentar as minhasdúvidas ou incertezas. E acreditem ou não, depois da consulta dos três meses,em que eu entrei cheia de receio da balança e que saí com a melhor notícia quepodia ter recebido, que me sinto com mais leite - essa é a minha sensação, mastalvez até esteja tudo igual e seja apenas a minha confiança que tenhamudado... o nosso subconsciente é tramado.
Dar de mamar é cada vez mais natural emais... normal, seja em casa ou fora, é assim que eu alimento a minha filha. Noentanto, é quando estamos em casa as duas, pele com pele, sem fraldas à nossavolta e de peripécias para que tudo seja o mais discreto possível, que tudoganha sentido e, hoje, percebo que é uma sensação que nunca tive com o Vicente.
Ser mãe da Laura veio ajudar-me a suavizartudo o que estava para trás e fez-me olhar para o Vicente de uma outra forma eaté com mais amor. Não penso, agora que tive uma experiência totalmentediferente, que seja menos mãe do Vicente, podia acontecer, mas não! Sinto atéque ele ganhou uma mãe diferente, mais completa e realizada – e de pazes feitascom a maternidade! Nunca tive receio de não ter amor suficiente para doisfilhos, porém o que eu não sabia é o quão arrebatador pode ser amar doisfilhos.