Hã mãe?!... Diga mãe?!
05.05.16 | Vera Dias Pinheiro
Tenho quase a certeza que há uma altura em que as crianças apenas têm os ouvidos para decoração. É um simples adorno, pois definitivamente não estão lá para cumprir o seu papel. O Vicente entrou numa fase, que não é de agora, em que finge não ouvir nada do que lhe dizemos. Mas, ainda mais irritante do que termos que repetir as coisas dezenas de vezes, é ouvi-lo constantemente com o "hã?!" hã mãe?!" "Hã?". No fundo, ele houve tudoooo, tudinhoooo, mas faz aquele charme de quem acha que já é muito senhor do seu nariz. Às vezes, até lhe acho graça, por isso, para além de já ter explicado que "hã" não se diz, na brincadeira, vou-lhe dizendo que em vez dessa expressão, deve dizer coisas como: "Diga mãe querida?" "Diga mãe, a mais bonita de todas?" ou, então, "Diga, senhor meu pai?". E ele diz mesmo e já nos temos rido muito com estas saídas.
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Os fins do dia são muito cansativos, os horários dos dois não são de todo compatíveis e esta fase das cólicas é terrível. Por isso, entre aquilo que nós gostaríamos de fazer e o que na realidade fazemos, o que temos tentado fazer é: relativizar e fazer simplesmente o que podemos (que, no fundo, acaba por ser o mais importante, acho eu). Também já percebi que a melhor forma de contornar as birras do Vicente, é concentrando a minha energia naquilo em que realmente não posso ceder. Agora, se ele quer ir para a escola de galochas, num dia de calor (o que já aconteceu); ou, se chega a casa, despe-se e vai buscar o fato de pirata para vestir; se há um dia em que vê mais televisão do que eu gostaria; se há noites em que quer adormecer na minha cama, enquanto eu adormeço a irmã; entre outras coisas, eu decidi desvalorizar, umas vezes, não ligo mesmo; outras, entro na brincadeira.
E, de facto, tem resultado, não temos tido grandes problemas na adaptação dele à irmã ou razões de queixa com o seu comportamento. O que ele quer, é o mesmo que todos nós queremos, atenção e mimo, o grande problema é que, por vezes, é nas alturas mais complicadas. Mas não o posso culpabilizar por isso, afinal, até há pouco mais de um mês, as atenções eram todas para ele... não é verdade?!