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As viagens dos Vs

Mulheres nutridas, famílias felizes

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Cinta no pós-parto: Sim ou não?

04.04.16 | Vera Dias Pinheiro

O uso da cinta é um tema que ainda não reúne um consenso por parte das equipas de saúde, existindo benefícios associados ao uso, como também algumas contra-indicações. Por exemplo, faz sentido, numa cirurgia como a cesariana, haver algum suporte da parede abdominal para que a mulher se mobilize melhor para cuidar do seu bebé. No entanto, este suporte pode ser dado por esta, mas não só, pois através de uma correcta mobilização da mulher, o seu desconforto abdominal é francamente menor.


Para além disso, o primeiro penso operatório da cesariana é sempre compressivo, pelo que não faz sentido usá-la nas primeiras 24-48 horas. Depois de mudar o penso, SE ACHAR que precisa de um pequeno conforto na zona abdominal, pode, então, optar pelo seu uso após indicação médica. A cinta para além do conforto, pode ajudar também a reforçar a nossa auto-imagem, dado que a barriga ainda vai ficar um pouco distendida após o parto (o útero não fica do tamanho “não-grávido” de um dia para o outro), ajudando-a a disfarçar um bocadinho.


Mas para que tudo isto funcione desta forma, é de extrema importância ter atenção à sua correcta colocação. Uma má colocação  tem impacto no bem-estar da mulher no pós-parto - uma cinta mal colocada vai provocar mais desconforto que a ausência da mesma, acreditem!


COMO COLOCAR:


1º Colocar na cama, com a parte interna para cima (velcro para cima também);
2º Deitar-se sobre a cinta;
3º Pedir apoio ao marido ou enfermeiro para ajudar a fazer (ALGUMA!) pressão quando a fechar.
(Mais à frente, quando se mobilizar melhor, já poderá colocá-la sozinha até mesmo empé).
TOME NOTA:
-  Esta deve estar bem centrada ao nível da sutura operatória, apanhando 3 a 4 dedos da coxa. Caso contrário fará pressão na sutura provocando desconforto;
- Para dormir deve retirá-la;
- A pressão de encerramento da cinta deve ser doseada, não deverá apertá-la muito!
Então e se não usar?
Não tem qualquer problema, pois se precisar de fazer algum esforço com a parede abdominal (como rir, tossir, evacuar ou espirrar) pode (E DEVE!) suster a sutura, colocando a sua mão sobre a mesma, e só depois realizar o esforço. Esta indicação é válida para TODAS AS MULHERES NO PÓS-PARTO!
É importante, reter que a cinta pode não ser uma boa opção para algumas mulheres, por isso, não tomem essa decisão sem antes falar com o vosso médico e saber se para o vosso caso, esta estará indicada.
Se estiver, atenção:
- ao seu uso prolongado. A cinta não ajuda a mobilidade intestinal (mais dificuldade em evacuar) e, por outro lado, não recruta tanto os rectos abdominais (aqueles músculos abdominais internos que distenderam durante a gravidez e agora precisam de ser trabalhado para recuperar);
- à escolha da cinta, invistam numa que esteja, de facto, ajustada ao vosso tamanho e que seja produzida com materiais aconselhados para este uso.
Por isso, reforço: falem sempre com o vosso médico e peçam a sua opinião.
Enfª Carmen Ferreira
UA-69820263-1

Pós parto: as outras reacções!

04.04.16 | Vera Dias Pinheiro
maternidade, gravidez, pós-parto, recuperação, antes de depois do parto
De um lado, dois dias antes da Laura nascer e, do outro, cinco dias após o parto.

Escrevo sobre a aceitação do nosso corpo e das fragilidades com que ficamos a seguir ao parto. Há mulheres para quem é difícil aceitar a mudança do corpo durante a gravidez; para mim é difícil aceitar o meu corpo no pós-parto. E não estou a falar directamente da nossa aparência exterior, física (da barriga ou dos eventuais quilos a mais com que ficamos). Estou a falar daquilo que nos é infligido, seja numa cesariana, seja em alguns partos naturais: falo da dor, do desconforto e da incapacidade física com que temos que lidar, a par de tudo o resto - que é tanto, tão complexo e tão absorvente mas, acima de tudo, tão exigente para a mulher.

Tive um primeiro pós-parto de cesariana, uma experiência traumática e bastante dolorosa na recuperação. Para mim, era impossível acreditar quando me diziam que, a cada dia, iria sentir-me melhor, que aquela dor iria desaparecer. Desta segunda vez, um parto natural maravilhoso, mas com episiotomia - do qual vos falarei quando conseguir digerir a experiência e colocá-la nas palavras certas - e que me deixou, nas primeiras 48h, cheia de adrenalina, sem uma única dor ou queixa, achando que estava óptima. Como é que era possível?!
Porém, à medida que o tempo foi passando e que fui saindo daquela "bolha", apercebi-me do outro lado, do que tinha acontecido fisicamente, dessa tal dor e dessa tal incapacidade... E são tantos os efeitos secundários do nascimento de um filho, que nem vale a pena mencioná-los aqui, pois dizem respeito a uma parte muito íntima e que, de certa forma, até nos custa lidar com alguns desses efeitos.

Eu tive duas gravidezes totalmente diferentes, dois partos distintos e, por conseguinte, o pós é igualmente diverso, mas, sem sombra de dúvida, que ambos são igualmente exigentes. No entanto, passa e até passa bastante rápido, mas cada dia é vivido intensamente, num estado emocionalmente frágil, e, por vezes, choramos e ficamos irritadas. No entanto, há outra coisa fundamental aqui: a forma como se vive o momento do nascimento do nosso filho, a emoção, a adrenalina, o sentimento com que aquelas horas são vividas, isso vai determinar a força que temos a seguir.

Se calhar, estes dias em que tenho tido muitas dores, em que acuso o cansaço dos últimos dias e que me sinto mais debilitada, penso que talvez a cesariana não me tivesse custado tanto, pois, afinal, já passou tanto tempo e a dor já me parece relativa. Contudo nada, mas nada, se compara ao momento que vivi com o nascimento da Laura.

Bom Dia!


UA-69820263-1