O meu objectivo não estava em recordar de tudo o que envolve os cuidados do recém-nascido, pois tenho a certeza que, instintivamente, tudo isso surgirá com naturalidade e espontaneidade, assim que me colocarem o bebé nos braços. Eu tinha dois outros motivos:
1. Precisava de resolver "fantasmas" em relação ao meu parto, precisava de falar sobre eles, ouvir outra pessoa falar também sobre eles... no fundo, eu precisava simplesmente de desabafar!
2. Perceber de que forma a chegada de um irmão pode ser feita com o menor impacto possível e da forma o mais natural possível.
Logo na primeira sessão com a enfermeira obstetra, e depois de feitas as apresentações, apercebi-me que todas nós -
as mães de segunda viagem - estávamos ali à procura da mesma coisa:
- uns momentos completamente focados neste bebé, à procura daquela paz e conexão, muito mais difícil de alcançar numa segunda gravidez. Afinal, agora já temos um filho cá fora a precisar da nossa atenção, enquanto o outro... ainda está na nossa barriga!
Depois percebi que estavam ali mulheres com as suas histórias de parto, mas de partos que não tinham sido igualmente perfeitos. Logo ali, respirei fundo e encaixei que eu não era a única à procura de apoio para fazer algo de diferente agora. Foram três sessões muito profundas; a mexer em tudo aquilo que estava cá guardado; a questionar o porquê de ter acontecido de determinada forma; qual teria sido a alternativa; e, claro, a pedir ajuda para agora conseguir fazer diferente!
Se ajudou? Muito!... Porquê? Porque...1. Ganhei certezas e confiança que posso e devo ter uma voz activa no meu parto e naquilo que são as minhas necessidades, mesmo que decida não levar um plano de parto escrito comigo;
2. Percebi que, mesmo tendo que recorrer a uma cesariana novamente, esta pode ser bonita e envolta de amor e de emoção, e não a experiência triste que tive;
3. Ganhei horas de terapia, de partilha de experiências e isso é tão bom, faz tão bem;
4. Encontrei uma certa tranquilidade e segurança que, a esta altura, não estava a conseguir encontrar.
(.... e a lista podia continuar!)
Para além disso, temos ainda uma
sessão especial de amamentação -
com a Constança Ferreira - que é especialmente importante para perceber como podemos encaixar este momento a três: nós - o bebé - e o nosso filho crescido. E reforçar a importante mensagem de que,
quando algo não está a correr bem, devemos procurar ajuda, devemos falar!E esta semana terminamos com chave de ouro -
estava à espera desta sessão, para acabar de escrever este post - um
Workshop "Filho mais velho" com a psicóloga, a Dra. Mariana Cordeiro Ferreira. E o que vos posso dizer?! Posso dizer-vos que não há verdades absolutas, embora hajam inúmeros estudos e correntes de pensamento. Acima de tudo, entendi que a forma como tudo isto é gerido -
com maior ou menor ansiedade - é determinado em grande parte pelos pais. Os "futuros irmãos" mais velhos vão lidar com este assunto de acordo com a forma que a informação lhes é passada. E, mais uma vez, senti-me a fazer terapia de grupo, pois não havia um tópico que gerasse a mesma opinião de todos os pais, e isso não quer dizer que uns estejam certos e outros errados!
Saí de lá com um bocadinho mais de certeza de que, nestas coisas da parentalidade/educação, o trabalho deve incidir sobretudo nos pais! O controlo de ansiedades, receios, expectativas... são tudo emoções que, inconcientemente, passamos para os nossos filhos sem nos apercebermos e que acabam por resultar em comportamentos que nós não gostamos, e para os quais vamos procurar ajuda para resolver!
E agora perguntam-me:
achas que, depois do curso, vai ser tudo maravilhoso?! Não, não acho e sei que não vai ser! Porém, agora tenho a certeza -
uma certeza com confiança - de que não é suposto ser assim, não é suposto que tudo corra bem. Vão haver alterações nas relações muito importantes e profundas (entre o casal, o progenitor e o bebé, entre o irmão, com a rede de apoio, etc...), que nos vão deixar, nos primeiros tempos, até a bater com a cabeça nas paredes, mas que, no final, todos vamos chegar onde queremos: o espaço, que antes era de três, irá passar
naturalmente a ser de quatro. O que é importante é não perder-se a comunicação entre o casal!
Tudo o que envolveu o meu parto, a minha experiência com a amamentação, a minha ligação à Constança Ferreira, tenho vindo a partilhar aqui -
quase até como terapia para mim - mas tenho percebido o quão importante é esta partilha
da história que "não foi perfeita", da história como vem descrita nos livros, e é por isso -
porque aprendi que devemos sempre procurar ajuda - que partilho mais esta experiência tão positiva e enriquecedora para mim e que recomendo a quem o puder fazer.
Estamos a falar de assuntos muito pessoais, que nem todas nós vivemos da mesma maneira, mas sobre os quais ouvimos tantas opiniões diferentes, muitas delas sem qualquer fundamento, no entanto,
o que importa somos nós, o nosso canal de comunicação connosco próprias.
Há uma nova edição a começar já no
próximo dia 6 de Abril. Consultem todas as informações
aqui.
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