Pais&Filhos | Preparar a chegada do irmão(ã) #4
23.02.16 | Vera Dias Pinheiro
Hoje recebemos mais uma família de quatro - mas que em breve, passará a ser de cinco - para nos contra, na primeira pessoa, como foi receber um novo bebé na família, a adaptação às novas rotinas, a reacção do irmão mais velho, entre outras coisas. A Vera Agostinho, a nossa quase mãe de três, tem um blog, onde partilha o seu dia-a-dia e o dos seus filhos e é difícil não nos apaixonarmos pelas fotografias e pelos seus textos, com os quais muitas outras mães se indentificam. Todos juntos, eles são Eu, ele, a Maria e o Miguel.
- Podes fazer-nos uma breveapresentação da vossa família, com referência à diferença de idades entre os teus dois filhos (e já agora se isso foi planeada ou não)?
(Vera) Sou a Vera, tenho 33 anos, sou de Lisboa, filha do meio.Tirei o curso de jornalismo. Em 2008, comecei a trabalhar como empregada de mesae conheci o Guilherme que trabalhava na cozinha do restaurante e ao fim de umano declarei-me. Eu morava sozinha no Bairro Alto e ele começou a ficar por lá,até que nunca mais saiu. Dois anos depois engravidei, mas acabei por perder obebé. Apesar de não termos planeado a primeira gravidez decidimos tentar outravez. E menos de 3 meses depois eu fiquei grávida da Maria. Quando a Maria tinhaquase 9 meses engravidei do Miguel, que não foi mesmo nada planeado.
- Como prepararam o filho maisvelho para a chegada do bebé. Quais os cuidados especiais tiveram?
(Vera) Tivemos alguns cuidados especiais. Quando o Miguel nasceu, a Maria tinha quase 18 meses, ainda mamava e dormia connosco e continuámos afazer tudo igual. Tivemos o cuidado de pedir a quem nos visitava que falasseprimeiro com ela antes de estar com o Miguel. Ela ajudou-me com os banhos, amudar fraldas, a baloiçar a espreguiçadeira. Não foi muito difícil porque aMaria é por natureza uma criança pacífica, só agora com 4 anos é que começou aamuar de vez em quando.
- Qual foi a parte mais difícil?
(Vera) O mais difícil foio primeiro dia em que ele voltou ao trabalho. Liguei à minha mãe para pedirajuda e ela não apareceu. Depois liguei-lhe zangada porque ela não me tinha idoajudar e ela perguntou-me: e então, safaste-te?
Ela queria mostrar-me que eu eracapaz e, a partir daí, fui-me safando sempre. Tive dias difíceis durante o ano emque ele foi viver para a Noruega e eu fiquei sozinha com os dois, mas mais pelatristeza de ele não estar presente para ver as primeiras conquistas deles. Oresto ia-se fazendo.
- E o melhor de tudo?
(Vera) O melhor de tudo foi ver a relação deles a crescer, vê-lacom 2 anos a ensiná-lo a andar, ela sempre muito maternal. Vê-los juntos.
- Como é a relação entre eles?
São muito amigos, acho que até um bocadinho dependentes um dooutro. Às vezes zangam-se mas dura pouco. Partilham tudo naturalmente, nuncativeram ciúmes um do outro e brincam durante horas sem eu ter de interferir.Uma vez, para experimentar, levei a Maria num daqueles dias do filho único eela só falava no Miguel, até se quis vir embora mais cedo. Nunca maisrepetimos. Às vezes [muitas vezes] questiono muitas das decisões que tomamos noque lhes diz respeito, mas uma das maiores certezas que tenho é que eles têm amelhor relação que eu podia pedir. Ela chama-o de “Miguitas”, ele dá-lheabraços só porque sim. No outro dia abri um triângulo de queijo para o Miguel equando olhei para trás ela estava a enrolar uma pontinha da prata no queijodele, depois olhou para mim e disse: ele gosta mais de segurar assim. Eu nãosabia, aprendi com ela.
- Tens alguns conselhos ou dicas que querias partilhar - se é queexistem?
(Vera) Não, tenho dicas, acho que o melhor é seguir o instinto.Talvez a melhor dica seja mesmo não tentar seguir todas as dicas e conselhos quetodos gostam sempre de dar. O que funciona com uma família, pode não funcionarcom outra.
- E, entretanto, estão à espera demais um bebé (Muitos parabéns). Como se sentem em relação à chegada de umterceiro filho?
(Vera) No início do ano passado disseram-me que eu dificilmentevoltaria a ser mãe. na altura, mesmo não tendo planos de ter outro, foi difícillidar com a notícia, mas depois de conformados também foi difícil saber queíamos ter mais um. E ainda mais assustador ainda pelo aspecto financeiro, játínhamos vendido ou doado tudo e o orçamento já é limitado. Agora, deixa-mesempre ansiosa esta fase da gravidez: tenho medo que nasça antes do tempo, quealguma coisa corra mal. Que seja saudável é só o que quero. O resto, aadaptação, a forma como a Maria e o Miguel vão reagir, isso preocupa-me menos.Com calma, um dia de cada vez, tudo se faz. Vamos acertar algumas vezes efalhar outras, mas daqui a algum tempo vai parecer que fomos sempre 5. Acho quevai correr bem.
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Vera, muito obrigada por teres aceite este desafio - sei bem como não foi fácil. Quero desejar-te as maiores felicidades e, de certeza que, a quatro ou a cinco. vai tudo correr bem e que vão continuar a ser essa família tão bonita e autêntica.
Quase todos nós já conhecemos a Vera, o Guilherme, a Maria e o Miguel, porém nunca é demais relembrar que podem acompanhá-los através blog, do facebook e, ainda, num projecto recente que a Vera lançou, depois do sucesso que foi ter partilhado os seus legumes e frutos feitos à mão - Bananas&Rabanetes.
Bom dia.