Estas são as imagens que marcam o fim-de-semana que passou. Neste Natal, decidimos oferecer ao Vicente uma trotinete e sabíamos que ele ia adorar! No ano passado oferecemos uma bicicleta mais a sério, com a qual ele não ficou muito entusiasmado, talvez por ser ainda um pouco grande para ele. Mas com a trotinete isso não aconteceu, muito pelo contrário: a excitação foi tão grande que nas primeiras noites até dormiu com o capacete e a trotinete no seu quarto.
Mas se com a bicicleta tudo corria bem e sem medos, agora e quando vamos para a rua, há que aprender a acelerar mas também... a travar! Das primeiras vezes, o Vicente ficou até um bocadinho frustrado, pois tudo corre bem até ao momento em que se aproxima de um obstáculo, acabando por cair ou ir de encontro ao objecto - sim, eu fico um bocadinho com o coração nas mãos, mas tento passar confiança.
Por isso, antes de qualquer coisa, havia que ensinar-lhe o que devia fazer e, obviamente, perder algum tempo no "parar, arrancar, acelerar e voltar a parar", com pequenas distâncias, numa zona plana e sem perigos por perto. No entanto, subjacente a tudo isso, havia algo muito mais importante a ensinar-lhe: cair faz parte da aprendizagem de qualquer coisa na vida! Naquela tarde, percebi e vi nos olhos do Vicente, de uma forma muito clara, o sentimento de frustração e de desilusão, que se misturavam com a alegria e o entusiasmo por querer muito andar na sua trotinete e por se achar capaz de fazer até... ao momento em que devia ser capaz de travar! Não é fácil para nenhum pai ou mãe ver o seu filho cair, chorar, ou sentir-se triste, mas tudo isso faz parte do crescimento e até é preciso que aconteça na vida deles. O nosso papel, por sua vez, é o de estar por perto, ter paciência, ajudar a levantar e a motivar para não desistir de tentar até conseguir. E é aqui que vimos que os nossos filhos estão a crescer, é aqui que sentimos a nossa responsabilidade enquanto "educador" dos nossos filhos e é aqui que também saímos da nossa zona de conforto.
Também nós "caímos" muitas vezes na nossa aprendizagem enquanto pais e também nós nos sentimos muitas vezes frustrados por não conseguir lidar com uma birra, por não termos sido capazes de perceber que o nosso filho estava a ficar doente, por não termos sido atentos o suficiente, por um sem fim de coisas que todos os dias vivemos e experienciamos. Mas nunca desistimos e a cada dia esforçamo-nos para ser um pouco melhor que "ontem".
Portanto, quando vi o Vicente a querer desistir e a querer voltar para casa, parei uns instante e esforcei-me por me conseguir lembrar de como foi quando o meu pai me ensinou a andar de bicicleta. E a única imagem que consegui trazer à minha cabeça foi a de uma estrada de alcatrão, perto da nossa casa na altura, sem carros, só nós os dois e do seu olhar... não consegui lembrar-me de mais nada. Larguei tudo o que tinha nas mãos, coloquei-me ao nível dele e fomos tentando uma vez, duas, três... segurei o coração de cada vez que ele se desequilibrava, e voltávamos a tentar.
Ainda nos esperam muitas momentos destes até ele conseguir ir sozinho e conseguir dominar o travão, mas a vontade de tentar está lá e a motivação também... E para já, é isso que importa!
Bom Dia!