Mulher | E quando, afinal, as coisas não correm como desejamos?![Desabafo]
17.12.15 | Vera Dias Pinheiro
Livro "Os bebés também querem dormir", de Constança Cordeiro Ferreira. |
Comprei este livro no dia do seu lançamento, depois de ouvir a Constança Ferreira (e os seus convidados) a falar sobre ele. E, à medida que a ouvia falar, as lágrimas caiam copiosamente pelo meu rosto, involuntariamente e sem que eu as conseguisse fazer parar - afinal, não fazia sentido chorar assim, já tinha passado algum tempo e o Vicente já não era nenhum bebé.
E hoje é o dia em que este livro volta para a minha mesa de cabeceira e me vai fazer voltar a ler um livro do início ao fim, como há já algum tempo não faço. E hoje que pego nele e leio o seu prefácio, percebo porque chorei eu tanto naquele dia.
Para além das saudades que tinha da Constança e da emoção que é ouvi-la falar - numa doçura e genuinidade tão própria e tão dela - ser mãe mexe com tudo o que há em nós, respira-se em todos os poros da nossa pele e nada se apaga ou se esquece. Aprendemos a seguir em frente construindo sobre tudo aquilo que vivemos, o bom e o menos bom, quase como um bebé quando aprende a dar os primeiros passos - por vezes, cai, chora, mas volta a tentar e a insistir até ser capaz de andar, sozinho e sem ajuda.
No entanto, ninguém nunca irá perceber o porquê da Constança ter este efeito em mim, mas eu guardo comigo o dia em que falámos a primeira vez, o dia em que, num sábado à noite, lhe escrevo um e-mail (envergonhada e tímida, mas desesperada) a pedir ajuda e ela responde-me no mesmo momento. Naquela mesma noite de sábado, acabamos por ficar horas ao telefone...
Desde aquele dia e até ao momento em que partimos para Bruxelas, que ela tornou-se não a "fada" do Vicente, mas sim a minha "fada", era eu quem precisava de ajuda, era eu que não estava a conseguir comunicar com o meu filho e não o contrário. A Constança ajudou-me a fazer a catarse de um parto que me doía mais na alma do que fisicamente e, muitas vezes, me ouviu em silêncio. E lembro-me tão bem dos nossos encontros: as duas sentadas em bolas de pilates, ela segurando o Vicente no seu colo e eu a chorar, triste e desiludida por achar que estava a falhar como mãe e como mulher.
Hoje percebo como tudo aquilo me transformou, me enriqueceu e.... me tornou numa mãe melhor! A melhor mãe que o meu filho podia ter! E hoje que carrego um bebé no meu ventre, penso igualmente como será o parto, a amamentação... E, da mesma forma que deixei de fazer idealizações, não desisti de ter o parto com que eu sonhei para mim e para trazer um filho ao mundo e para o qual me sinto capaz...
Mas hoje sei, acima de tudo, que não estou sozinha em qualquer que seja o desfecho e também sei que nem sempre corre bem e que este lado menos "cor-de-rosa" da maternidade é tão válido e tão comum, como o outro lado, o perfeito, em tudo corre como sonhamos, como lemos nos livros e ouvimos nos cursos de preparação para o parto.
Hoje este livro volta para a minha mesa de cabeceira, porque hoje me sinto capaz de volta a pensar no parto e no caminho que é preciso fazer até esse dia e sei que não vou estar sozinha e onde está a ajuda e o apoio que eu preciso.
E a ti, Constança, o meu obrigada sempre! Foste e serás sempre um porto seguro, de paz e de tranquilidade de que todas as mulheres são mães, cada uma à sua maneira, basta que sejamos felizes e que estejamos em paz connosco próprias, pois é isso que faz "bebés felizes".
Post Relacionados: