A importância da (boa) alimentação na idade escolar
16.11.15 | Vera Dias Pinheiro
Fotografia Lemon Pie Photography |
É tão verdade que "somos aquilo que comemos", como o facto de que são os hábitos alimentares aprendidos durante a infância que determinam o comportamento alimentar na idade adulta, e ainda que essa aprendizagem é feita através da observação dos adultos, presenciando a escolha, preparação e confecção dos alimentos.
A idade escolar - a partir dos 3 anos, essencialmente - é uma etapa muito importante no desenvolvimento da criança, pelo que é fundamental que sejamos capazes de assegurar o respeito pelas suas necessidades nutricionais ao longo desse percurso, e que depende de vários factores como: o ritmo de crescimento; se é menino ou menina; o grau de maturação de cada organismo; da actividade física que pratica, entre outros.
Mas este é um trabalho conjunto entre a família e a escola fundamentalmente. Os pais devem ter a preocupação de transmitir hábitos alimentares saudáveis, mas é essencial que a escola, que os recebe diariamente, dê continuidade a esses mesmos hábitos, observando uma série de cuidados, como por exemplo: evitando os sumos/refrigerantes; tendo atenção à forma de confecção das refeições e não descurando da fruta e da qualidade dos lanches.
Não se trata de ser fundamentalista, pois a restrição, por completo, de certo tipo de alimentos fará com que, à primeira oportunidade, comam sem qualquer controlo. No entanto, nada como reservar determinadas ocasiões para que a criança possa comer um chocolate, um gelado ou, então, beber um refrigerante. Até porque, na minha opinião, à medida que vão crescendo e que vão convivendo com outras crianças e que as vêm comer certas coisas, vão aguçando a sua curiosidade e vão querendo experimentar - e podem experimentar - e é aí que podemos e devemos intervir, no sentido de explicar à criança porque não se podem comer certas coisas todos os dias e o porquê de fazerem mal.
De certa forma, a nova Roda dos Alimentos veio facilitar o entendimento em torno deste tema, ao contribuir com orientações para uma alimentação saudável, equilibrada e completa, com indicação dos alimentos que devemos comer dentro cada grupo, bem como em relação às suas quantidades - comer em maior quantidade os alimentos que pertencem aos grupos de maior dimensão e vice-versa - sem esquecer da importância de variar os alimentos.
Fonte: Imagem GOOGLE |
Nota: No caso das crianças, as doses a consumir diariamente de cada grupo de alimentos devem estar próximas dos limites inferiores recomendados.
Depois, devemos ter atenção às refeições, em termos de regularidade e de confecção das mesmas. É importante fazer-se entre cinco e seis refeições por dia - sem ultrapassar as 3,5 horas entre cada uma - sendo a mais importante, como já sabemos, o pequeno-almoço. Começar o dia com uma refeição deficiente resulta na falta de atenção e de concentração por falta de energia para que o cérebro possa desempenhar o seu papel em condições. Em termos de confecção, devemos ter o cuidado de o fazer da forma mais saudável possível, pois só assim conseguimos conservar o valor nutritivo de cada alimento.
Paralelamente a tudo isto, está a necessidade de ingestão de água - e, por vezes, se não oferecemos, as crianças também não se lembram de pedir - e a prática do exercício físico. Hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico e com a própria rotina do dia-a-dia, a tendência é para que as crianças se tornem cada vez mais sedentárias, que brinquem sem sair do sofá ou que se distraiam em frente da televisão. E, mais uma vez, o nosso papel é fundamental, pois temos que ser nós a incentivá-los a praticar uma modalidade desportiva ou simplesmente, a levá-los ao parque/jardim para correrem, jogarem à bola, andarem de bicicleta, pularem e soltarem livremente - com o bónus de que quanto mais cansados estiverem mais rápido caem na cama a dormir!
Todos nós sabemos que este é um assunto importante, sabemos as advertências que são feitas para a qualidade da alimentação das crianças e das suas implicações em termos escolares e de saúde. E, para mim, a mudança de hábitos acontece de forma muito natural, se partir de nós, do nosso exemplo e de não desistirmos à primeira vez que a criança rejeite uma prato de legumes ou uma fruta ao lanche em vez de uma bolacha.
E agora que estamos em fase de arranque do novo ano lectivo e que nos confrontamos com as ementas das escolas que nem sempre correspondem exactamente às nossas expectativas, é bom rever este tema e tentar que, pelo menos em casa, sejam incutidos os bons hábitos alimentares às nossas crianças.