Bom Dia!!!
11.06.15 | Vera Dias Pinheiro
De todas as coisas que receio na vida, o tempo é a que mais me assusta. Perceber como ele passa rápido por nós, como muda a nossa vida de um dia para o outro, deixa-me angustiada por não saber se estou a desfrutar do meu tempo como deveria.
Um dia tomei a consciente, mas difícil - sim, difícil - decisão de ser mãe a tempo inteiro. Digo difícil porque, hoje em dia, ser mãe a tempo inteiro é, para muitos, considerado um luxo, um acto de "dondoquice", talvez apenas acessível a pessoas com poder económico superior. No meu caso, ou era a família ou não era nada; no meu caso, foram muitas noites sem dormir, muitas fraldas para trocar, ouvir muito choro, viver a vida de um bebé e colocar a nossa de lado. Foi (e é ) um trabalho sem fim, uma exigência contínua sem horas para começar e para terminar, em que tudo depende da mãe 24 horas por dia, sem um fim-de-semana, sem uma única pausa...
Mas dizia eu, se eu não tivesse tomado a difícil decisão de ser mãe a tempo inteiro, as minhas chances de ter visto o Vicente a gatinhar pela primeira vez, a dizer as primeiras palavras, a andar ou mesmo de o prazer de poder fazer longas sestas com ele durante o dia, tinham sido mínimas... talvez me tivesse tornado numa mãe que recebe uma chamada da creche a avisar das "novidades".
Se não tivesse tomado esta decisão, talvez tivesse, no final dos 5 meses de licença de maternidade, regressado ao trabalho, na mesma rotina da maioria das pessoas e nunca me iria aperceber do que estava a perder. Iria limitar-me àqueles momentos da manhã, em stress para despachar e sair de casa a horas, e àquelas 2-3 horas no final do dia, em stress, com os banhos para dar e o jantar para fazer.
No entanto, ter tido o privilegio de viver a maternidade a tempo inteiro, muito para além do tempo que nos é concedido, mudou-me completamente e ajudou-me a reorganizar as minhas prioridades. Hoje em dia, o pensamento de que posso não ter o tempo que quero para acompanhar o Vicente está posto de lado. Ainda que, durante estes dois anos, tenha passado por altos e baixos, sempre que estava num momento menos bom, pensava na extraordinária oportunidade que tinha em poder ser eu, única e exclusivamente, a cuidar do meu filho... Em seguida, respirava fundo e continuava...
No entanto, ter tido o privilegio de viver a maternidade a tempo inteiro, muito para além do tempo que nos é concedido, mudou-me completamente e ajudou-me a reorganizar as minhas prioridades. Hoje em dia, o pensamento de que posso não ter o tempo que quero para acompanhar o Vicente está posto de lado. Ainda que, durante estes dois anos, tenha passado por altos e baixos, sempre que estava num momento menos bom, pensava na extraordinária oportunidade que tinha em poder ser eu, única e exclusivamente, a cuidar do meu filho... Em seguida, respirava fundo e continuava...
Viver numa sociedade em que o conceito de família está completamente desvirtuado e secundarizado assusta-me. Algumas das minhas amigas pensam que fiquei maluca, outras não cessam de perguntar quando regresso ao trabalho (e eu penso, mas de que trabalho falam? eu nunca deixei de trabalhar, apenas deixei de ter um trabalho remunerado), e ainda há quem questione o que faço durante o dia (bom, nessas situações ainda fico reticente quanto à minha resposta, se devo ou não realmente dizer tudo aquilo que faço durante um dia). Uma sociedade que não está preparada para a família não pode ser merecedora dos nossos filhos, porque eles precisam, acima de tudo, de atenção e a atenção requer tempo e o tempo é-nos negado a toda a hora.
Este é o maior luxo que tenho, poder acompanhar o Vicente, viver com ele as suas conquistas e ajudá-lo a voar. Sim, porque um dia ele vai voar para fora do meu ninho, os nossos filhos não são nossos, são da vida, eu sei disso, mas nesse dia, tanto ele como eu vamos estar preparados. Acredito que esta atenção que a vida nos rouba, o tempo que é tão rápido e tão pouco, é determinante para os futuros adultos que educamos e formamos. Nenhuma escola vai fazer o nosso trabalho!