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Pais & Filhos | Consultório da Dra. Ana Guilhas [Escolhas Educativas - Parte 1]

09.06.15 | Vera Dias Pinheiro
Enquanto mãe, uma das minhas grandes preocupações é conseguir encontrar o equilíbrio e o bom senso na hora de ensinar ao Vicente as regras e a "consequência" de determinadas atitudes, nomeadamente aquelas que precisam de ser corrigidas. Na minha opinião, esse é o nosso maior desafio, enquanto pais, e vai ser, ao mesmo tempo, determinante para o desenvolvimento deles.
Entre a palmada, o castigo, as conversas... Hoje em dia, as teorias são muitas, diferentes da altura dos nossos pais e até mesmo de um filho para o outro. Existem umas mais controversas que outras e outras mais radicais.
Em conversa com a Dra. Ana Guilhas, explicava-lhe precisamente esta minha angústia e preocupação. Por estes motivos, e por considerar que este é um assunto que preocupa outros pais, a rubrica desta semana com a nossa psicóloga aborda o tema das ESCOLHAS EDUCATIVAS. Dada a sua complexidade, vai ser um assunto dividido em duas partes. Aqui fica a primeira.




Escolhas Educativas
- Parte 1 -

Atrever-me-iaa dizer que os pais de hoje, têm uma dificuldade acrescida. Encontram-se emplena viragem dos modelos educativos. O papel dos pais está em transformação,assim como os critérios para as suas escolhas pedagógicas. Já não é suficientepara a maioria das pessoas fazer de uma determinada forma, só porque os seuspais e avós assim o fizeram. Hoje, felizmente, queremos perceber o que émelhor, que consequências (positivas ou negativas) as nossas escolhas têm parao bem estar presente e futuro dos nossos filhos. Isso é bom. Mas implica todauma reorganização! Essa é a parte difícil!

Antes demais, é importante saber-se que não existe nada mais protector para aestrutura psíquica humana que a vivência de um profundo e equilibradoamor. Isto quer dizer, que a forma como a família vai viver os sentimentosque os ligam entre si (e em particular aos filhos), vai ser central no processoeducativo. Para um desenvolvimento saudável, a criança deve sentir que os paisa amam incondicionalmente, aconteça o que acontecer. O que na realidade não é omesmo que deixá-la fazer tudo o que quer. Antes pelo contrário, é precisamentepor a amarem e se preocuparem com ela, que fazem questão de a orientar (eensiná-la a viver) num mundo que ainda só está a começar a conhecer.

Istoleva-nos a um segundo aspecto fundamental na parentalidade. Os pais devem estarconscientes do seu papel e de que, invariavelmente são os lidereslegítimos da estrutura familiarSão (e é importante que sejam) asfiguras de autoridade, que vão acompanhar e orientar as crianças (filhos)no seu processo de crescimento e conquistas. Fazem-no até que estes tenhamaprendido, e desenvolvido o suficiente, as competências que lhes permitemcomeçar eles mesmos a assumir estas funções. É por essa razão que não deixamosum bebé mexer numa faca, mas pedimos a um filho mais crescido que nos ajude acortar o pão.  Este é um exemplo simples, mas é válido para tarefasmuito mais complexas e centrais como aprender a cuidar de si mesmo.

Umterceiro aspecto a ter em consideração, é o de que estamos a falar de pessoas.E como não podia deixar de ser, cada umatraz para a “equação” o seu próprio valor(es). A criança nasce com umtemperamento muito próprio e, é fundamental que os pais aprendam a conhecê-la ea perceber o que é que resulta melhor para ela no equilíbrio amor/limites. Édesta forma que se vai definir o tipo de relação que é estabelecida. Por outrolado, temos uma mãe e um pai, que carregam eles mesmos (à par com a suaspersonalidades) uma história, uma aprendizagem e referências educativas muitopróprias. Também aí, é necessário encontrar um equilíbrio pai/mãe (que têmmuitas vezes posições contrárias) e adaptar-se às adversidades de um quotidianodesafiante, que deixa pouco espaço para parar, analisar e construir coisasnovas com serenidade.

Considerando estes três aspectos, cadafamília irá depois fazer as sua escolhas e criar o seu próprio modelo, de formaa cultivar o amor, o crescimento de todos os elementos e desta forma também,desenvolver maiores níveis de bem estar e harmonia familiar.

Ana Guilhas.


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