[o Dia Internacional da Mulher]
08.03.15 | Vera Dias Pinheiro
O Vicente entrou para a creche há mais ou menos duas semanas. Por opção nossa, decidimos que eu ficaria com o Vicente em casa e assim foi, desde que nasceu até há duas semanas atrás. Não houve um dia que não passasse com ele, não houve uma noite fora sem a presença dele. Foi ele e eu todos os dias, desde que nasceu. Como é natural, não me livrei de ouvir os mais variados comentários sobre o facto do Vicente estar em casa e supostamente estar privado do mesmo desenvolvimento que outros meninos que vão para a creche mais cedo ou que lhe fazia falta "disciplina" e rotinas (?!). Inevitavelmente que, muitas vezes, questionava-me se estaria a fazer um bom papel, se estaria, de facto, a corresponder a tudo o que ele precisava, em cada fase do seu crescimento. E, se dúvidas houvessem, por esta altura estariam todas dissipadas. Consegui passar todos os dias com o meu filho e ainda assim conseguir que ele seja um menino com regras e muito desenvolvido para a idade. Consegui ter um filho, criado em casa, que não tem problemas de socialização e para quem ainda pergunta, com um ar apreensivo, como foi a adaptação à creche, eu respondo: "foi óptima!"
Eu posso assegurar que difícil é ter um filho todos os dias connosco que à medida que cresce vai exigindo de nós cada vez mais atenção e responsabilidade. Porém, desde cedo, que existem rotinas na vida dele, desde cedo que começou a participar em actividades, desde cedo que esteve exposto aos mais variados estímulos. E durante estes dois anos, ele teve contacto com muitas crianças e muitos adultos e, até mesmo, muitas crianças e adultos de diferentes nacionalidades (isto para quem acha que quando o Vicente não dá muita confiança no primeiro contacto, é porque não está habituado a "ver pessoas". Não, minha gente! isso é porque sai à mãe).
E hoje que é o Dia Internacional da Mulher, em que se continua a reclamar a igualdade nos direitos, na minha opinião, essa igualdade e respeito deve começar entre nós mulheres, que somos as primeiras a criticarmo-nos umas às outras. É importante que haja mais solidariedade, que se respeitem as diferenças nas escolhas e nas opções de vida. Acima de tudo, aceitar que podem existir mulheres que fazem opções de vida (seja no âmbito profissional, da maternidade, etc...) diferentes das nossas e que isso não é necessariamente mau e nem está necessariamente errado (mas se estiver, também não nos compete a nós julgar). Afirmo, com tristeza, que muitas das criticas que ouvi serem todas elas provenientes de mulheres, de amigas... Pois hoje, que assinalamos o nosso dia (e que fazemos questão de o lembrar ao mundo), vamos lá deixar que a amizade e o respeito entre nós seja uma regra e não tanto uma excepção.